sábado, 25 de maio de 2013

O DOUTOR - EDNALDO BEZERRA

CUSTÓDIO DE MELO
O curso estava próximo do término, e chegara finalmente o momento dos guardas-marinha terem experiências no mar. Wagner, Corsino, Lima e eu fomos estagiar no mesmo navio; chegando lá, fizemos logo amizade com o intendente e o médico, que eram tenentes modernos e na mesma faixa etária que a nossa. O doc. - assim são chamados os médicos nos navios da Marinha – era uma figura ímpar, muito conversador, estava na Força Naval porque tinha sido convocado e vivia ansioso para que o tempo passasse rápido, a fim de se ver livre do serviço militar obrigatório. Havia entre ele e o imediato uma antipatia mútua, facilmente perceptível por quem observasse o comportamento de ambos.
Certa vez, em uma dessas viagens, o imediato passou mal e foi se consultar. O doc. aplicou-lhe uma injeção e pediu-lhe para se deitar um pouco, ali mesmo no consultório; enquanto isso, ficou lendo uns livros médicos. Durante a leitura, demonstrava-se compenetrado; às vezes, coçava a cabeça, fazia cara de espanto, respirava fundo – tudo por puro embuste. Passada uma meia hora o imediato, impaciente, perguntou-lhe:
– Já posso me levantar?
– Ainda não.
– O que você está lendo?
O doc.  para inquietar o imediato respondeu-lhe:
– Nada! Eu só estou tentando descobrir para que serve a injeção que apliquei no senhor.
– O quê!
A raiva do paciente foi tão grande, que o organismo dele deve ter liberado uma carga de adrenalina muito alta curando o mal-estar no mesmo instante. O doc. ainda me disse que, por pouco, não levou umas porradas, tamanha era a fúria do imediato.
POR: Ednaldo Bezerra é estudante de Licenciatura em Letras da UFPE

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