As varejeiras denúncias de agora não resultam de reportagem de Veja, e não podem ser acusadas de perseguição. A revista apenas reproduziu a delação intencionalmente vazada. As contumazes esquivas amarelas que já estão no ar são mera manobra diversionista como a disfarçar um desenredo de caráter. Diz-se que não se vai comentar especulações; afirma-se que não existem provas; fala-se sobre acusações infundadas. Bobagem, o rei está nu.
É claro que o vazamento tem o cunho e o fulcro de prejudicar candidatos, com algum tipo conivência de pelo menos parte dos inquisidores. Essa coisa de depoimento criptografado, envelopado, encofrado não é hábito do país da fofoca e da traição.
E tem mais: alguns nomes supostamente delatados sequer constituem surpresa, uma vez que habitués frequentadores de denúncias do cometimento de irregularidades. E ainda tem o caso do Eduardo Campos cuja morte comoveu, mas não teve o mérito da santificação, da remissão apriorística, da isenção.
A embaraçosa ressurreição da propina política teima em reviver o passado comum, recente e negro da vida nacional reduzindo a substrato a restante moralidade de boa parcela de alguns homens públicos daqui, cada vez mais desconstruindo a imagem brasileira no concerto internacional. O que mais afeta a avaliação do homem honesto comum é a banalização do mal e a inevitabilidade da convivência com uma estrutura corrupta e corruptora. Alguns dos delatados, de tão cínicos e habituados à dissimulação dos malfeitos estarão nas missas, cultos e terreiros, e principalmente nos palanques como se não fosse contra si a denúncia. No Japão, a simples menção da denúncia provocaria sepuko e hara kiri em massa. Pena que o vazamento haja sido tão seletivo.
Estamos em um país de tão fácil comunhão com ações criminosas no alto escalão que, na mesma edição de Veja (páginas 70/71) a revista noticia a abordagem de um indivíduo que se apresenta como advogado de nome Edson junto a Meire Poza, aquela contadora de Alberto Youssef. Pois bem, sugerindo falar em nome de empresas e de pessoas envolvidas no processo, o suposto advogado deita toda a sorte de ameaças ao estilo mafioso à mulher, do tipo “eu conheço o seu endereço e a sua família”.
E, como hoje é dia de Veja, ainda tem aquela notinha do Panorama sobre a doação de R$30 milhões de um empresário ao PMDB. Quando resolveu checar, o dinheiro havia se evaporado do partido, ressurgindo glorioso, segundo a rádio corredor peemedebista, na campanha para governador de Lobão Filho, que vem a ser filho do ministro Edison Lobão, também citado pelo delator.
E aí bate uma enorme saudade de Joaquim Barbosa.
Por: Luiz Saul Pereira
De pleno acordo. Saudades daquele porreta negão que fez tudo para moralizar a Nação, mas com um monte de corrupto espalhado no Executivo, Legislativo e Judiciário, não tem jeito não.
ResponderExcluirPesquisa Ibope mostra empate entre Dilma e Marina e revela as preferências por região, renda, escolaridade e religião. A petista lidera no Nordeste. A socialista no Sul.
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