quarta-feira, 15 de abril de 2015

UMA QUESTÃO DE SUCUMBÊNCIA - POR LUIZ SAUL



Como qualquer parturiente, o Planalto esperou os 9 meses normais para parir a indicação do candidato à vaga deixada pelo Joaquim Barbosa no Supremo Tribunal Federal. Pouco importou se nesse vazio muitos julgamentos resultaram prejudicados pelos empates acontecidos, na medida da paridade das avaliações do plenário. A cautela que se compreende para esse tipo de indicação não poderia ser confundida nem com insegurança nem com a visão oportunista para a seleção a dedo dos simpáticos à causa. 


A compreensão que foge reside na circunstância da negociata que envolveu o apontamento do Dr. Edson Fachin para o cargo, pois ao sentir do observador, os entendimentos jamais deveriam ter passado pelo crivo do Senador Renan Calheiros, que, como se sabe, é indiciado em causa tramitando no STF, e ainda com chances de inclusão em outras, no futuro. Infelizmente tudo por aqui continua submisso a interesses de natureza questionável, como se vê.

A particularidade que segundo o noticiário distingue o novo provável ministro é a sua simpatia pelo MST e demais movimentos sociais, especialmente em relação ao rito sumário da reforma agrária. A oposição também coloca uma interrogação no caso, pelo fato de o indicado haver se manifestado em favor da candidatura da dilma publicamente. À parte, porém, das eventuais inclinações partidárias e das convicções filosóficas, a Lei é única, mesmo sujeita a interpretações variadas, ou mesmo de conveniência.

O fato é que a responsabilidade implícita na toga pode desmontar qualquer projeto de esperança de emparelhamento de simpatias, até porque todo juiz sabe que, em bom latim, judex damnatur ubi nocens absolvitur. 

De qualquer forma, o Dr. Fachin, que já fora derrotado em outras pretensões de indicação para o cargo de ministro, saberá sempre que a sua efetivação deveu-se em muito à concordância do Renan, nos ecos de outras negociações para o provimento de outros cargos desta embananada república. O episódio faz parte do cenário da debilidade de um governo que se encontra, além de partilhado, refém de pessoas e instituições que o Planalto preferiria não haver escolhido.

Uma questão de sucumbência.

Por: Luiz Saul Pereira

2 comentários:

  1. Luiz Augusto dos Santos15 de abril de 2015 às 20:04

    Admiro as postagens do senhor Luiz Pereira Saul porque transcreve tim-tim por tim-tim o que ocorre em Brasília onde reside, apesar de ser serratalhadense.

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  2. Prazeroso ler e reler seus contos diários.Parabéns!

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