Foi um tempo, quando no município de Triunfo não havia mais do que cinco ou seis jeepes e três ou quatro caminhões: todo o deslocamento de pessoas e cargas era feito em lombo de burros e cavalos. Guardo na memória, posto que não houvesse um Sebastião Salgado para registrar em fotos as centenas de cavaleiros que afluíam pelas entradas periféricas da cidade,destinando-se para a feira semanal e em número duplicado quando se tratavam das últimas noites da Festa Anual de Nossa Senhora das Dores, cujo novenário se verificava de 24/12 até 1º de janeiro, coincidindo com as festividades natalinas.Em 1974, o Papa Paulo VI reformulou o calendário litúrgico das festividades em homenagem a Virgem Maria, designando as datas festivas. Essas datas, excluindo outras de caráter local como Fátima, Lurdes, Guadalupe, são as seguintes: 25 de março – Anunciação; 15 de agosto - Assunção; 08 de setembro – Natividade da Virgem; 08 de dezembro – Imaculada Conceição e 25 de dezembro - Natividade do Senhor.A Festa de Nossa Senhora das Dores foi fixada por Pio X, em 15 de setembro.O calendário de Paulo VI manteve essa data, porem com a denominação de “Virgem Maria Dolorosa” no lugar de “Nossa Senhora das Sete Dores”
O pároco de Triunfo, na época – 1974 – cumprindo as determinações superiores passou a celebrar o novenário de Nossa Senhora das Dores em setembro e não mais em dezembro como era a tradição. O fato gerou desconforto entre os fieis e a Festa de Dezembro foi, ano a ano, se esvaziando. Acredito que a crise econômico-financeira de então, também, contribuiu para o declínio da Festa. Posteriormente, em data não precisa, as atividades não religiosas foram transferidas do Quadro para as cercanias do Açude. Novos hábitos foram sendo adotados e da Festa tradicional já não há mais nada: nem canoas, nem carrocel, nem a onda, nem capilé, nem balões, nem foguetório, sequer o passeio arrodeando a praça, porque a praça já não é a mesma praça.A Festa Anual de Nossa das Dores tem sentido ecumênico, não pertence somente aos católicos, até porque é durante a festa religiosa que se agradecem e se rendem graças aos céus pelos êxitos das safras, dos negócios, da saúde, das formaturas, das aprovações em concursos ou obtenção de qualquer emprego, dos namoros bem sucedidos e transformados em casamentos,dos filhos nascidos e até pela longa vida dos recentemente falecidos.
Detendo atenção nas safras, o município de Triunfo é privilegiado dentro da região semiárida: enquanto nas altitudes menores as safras se cingem às culturas do milho feijão e algodão e, em setembro, praticamente, já, está tudo colhido; na serra do Triunfo, além do milho,feijão, fava e andu como culturas anuais, se contam, também, com café, goiaba, manga, banana e, principalmente, com a rapadura, cujos engenhos, ainda, estão moendo em dezembro.Dai se conclui que, se a festa tem como principal motivo render graças aos céus pelo sucesso da safra, ela terá que ser celebrada em dezembro e não em setembro. Ademais, é em dezembro que os filhos ausentes da boa terra – Triunfo – voltam para a confraternização anual.Nada impede de se rezar uma novena em setembro com exclusivo sentido religioso.
Por: Antônio Timóteo Sobrinho
Por: Antônio Timóteo Sobrinho
Muito oportuno relato do senhor Antonio Timóteo Sobrinho esclarecendo passagens fundamentais da nossa cidade.
ResponderExcluirAntonio é o irmão de dona Helenita Timóteo que foi professora do Colégio Stella Maris?
ExcluirSim, caríssima conterrânea.
ExcluirGostei do artigo de Antonio Antônio Timóteo Sobrinho. Parabéns!
ExcluirAmo Nossa Senhora das Dores .
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ExcluirParabenizo o conterrâneo Timóteo por sua acertada posição expressa em sua coluna que funciona pausadamente neste informativo de Carlos Ferraz, mas sempre dentro de assuntos relevantes.
ResponderExcluirSão intervenções desse tipo que contribuem no apanhado histórico do município carente de administração dinâmica voltada ao passado de glórias. Torço que outros habitantes procurem opinar sob a ótica do equilíbrio e da imparcialidade, ajudando soerguer Triunfo, que encontra-se em péssimas mãos e tende piorar se outros corruptos oportunistas conseguirem entrar para administrar.Quando esses meus conterrâneos voltarão a escolher como representantes legais, pessoas fiéis aos princípios da tradicionalidade e do progresso, com honestidade?
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ExcluirAcredito que o tema em debate deveria ser relacionado ao local do evento profano que está sendo proposto mudar da praça do açude e voltar para a praça da igreja, mantendo toda tradição. A questão de religião e da imagem é outra coisa.
ExcluirGostei da publicação, sugere que precisam exigir soluções para problemas de competência e responsabilidade da administração. A festividade da Nossa Senhora Das Dores pelo que tenho lido neste jornal deve ser transferida o mais urgente possível, como meio de salvar o tradicional evento religioso e profano.
ResponderExcluirQue lindo ! Boas vibes Carlos Ferraz !
ExcluirParabéns Sr. Antonio Timóteo. Valeu!!!!!
ExcluirParabéns, mais uma vez digo, ao querido e caro amigo, Dr. Antônio Timóteo! Seus textos sempre são excelentes para quem sabe reconhecer os reais valores. Forte abraço!
ResponderExcluirAntonio Timóteo Sobrinho é engenheiro - agrônomo do IPA , filho do senhor Quincas Timóteo e irmão das ex-´professoras Heloisa e Helenita.Admiro os artigos escritos por ele e Luiz Saul Pereira, que soube ser também de origem triunfense.
ExcluirAS PUBLICAÇÕES DESSE SENHOR AUMENTAM A QUALIDADE DESSE CONCEITUADO JORNAL MIDIÁTICO QUE VEM A OLHOS VISTOS CRESCENDO JUNTO A OPINIÃO PÚBLICA DAS MAIS DIFERENTES LOCALIDADES PELO TEOR DOS ARTIGOS.PARABÉNS!
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