terça-feira, 21 de julho de 2015

INFERNO DE DANTE, OU O "INFERNO DE ANTES" - POR LUIZ SAUL


Embananado, o roteiro da crise ganha tenebrosos capítulos, com o Eduardo Cunha guindado à condição de sniper tocaiando a dilma com a anunciação de novas CPIs. Nada mais por ali é simples ou previsível.

Começa pelas conveniências de uns de se afastarem do Edu, muitos dos quais já pedindo a sua cabeça. Nessa coisa de Salomé, outros aproveitam a ocasião para pedir também a cabeça do Mercadante, que é uma espécie de tranca rua daquele terreiro. Conseguirão, no máximo, um rodízio.

Por arrogância, erro estratégico, desespero, ou tudo isso junto, o presidente da Câmara, sabendo-se na iminência de ser denunciado, chutou o balde esperando apoios que não vieram na conta certa, daí resultando sua fragilização que pode se transformar em deposição do cargo e fulminar o mandato. A sua tropa de choque de cerca de 290 deputados dificilmente se sustentará, podendo até ser extinta. O seu partido, aliás, já deu o tom e o ritmo. Mas, enquanto se mantiver na cadeira, teremos fogo cerrado. Basta ver que, se as CPIs do BNDES e dos Fundos de Pensão vingarem, ele tentará manobrar as presidências e relatorias para a oposição.

Essa desidratação de um lado provoca o êxtase do outro, por efeito de encolher um inimigo poderoso que vinha em crescendo. Sem o condão de reduzir a crise, a desconstrução do insurgente apenas afasta um obstáculo do cenário de dificuldades cuja essência se resume de fato nas questões macroeconômicas, uma vez que o aspecto político é e será sempre negociável entre os homens de “boa vontade”.

Mas, nada será fácil quando o Planalto olhar para a planície e só perceber um deserto de confiabilidade, competência, comprometimento e liderança. Ademais, há questões afetas exclusivamente ao Palácio, resultantes de ações conscientemente irregulares, sobre as quais o Governo se deverá debruçar ou se debater. Têm-se, por exemplo, a avaliação do TCU sobre as contas da dilma, ainda que esteja na praça o conveniente reconceito da importância dessa corte, reduzida a simples acessório, que de fato o é. Mas, não se não é suficientemente importante e consequente, restaria extingui-la.

Mas, se inverter o olhar para se ver no espelho, perceberá que a própria credibilidade há muito se encontra no poço e que a melhor ferramenta para recuperar o credo – a palavra e o dinheiro – está em falta. O dinheiro já foi mal usado e na palavra, o distinto público não mais bota fé. Como “eles” vivem a ilusão de um mundo próprio de Alice, acreditam que a publicidade e os discursos viajores do segundo semestre voltarão a engabelar.

Não é só isso. Consta que ainda vêm por aí outras denúncias envolvendo situação e oposição, do tipo Renan, Aécio et caterva. Quando isso acontecer, será necessário escrever um novo Inferno de Dante, ou o “Inferno de Antes”. 





 Por; Luiz Saul Pereira (nosso amigo e colaborador, o  serra -talhadense, vestido a carater, lembrando o Rei do Cangaço, seu conterrâneo)

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