quinta-feira, 8 de outubro de 2015

DE ONDE NÃO SE ESPERA É DE ONDE NÃO SAI NADA... - POR LUIZ SAUL


A bordo de uma estratégia fio de navalha, o Dr. Luís Adams, titular da AGU, certamente não calculou o dano contaminante quando colocou sob suspeição o ministro Augusto Nardes. Não percebeu que a sua desconfiança, além de afrontosa, se estenderia em última análise à toda a corte, inclusive aos técnicos que formularam a auditoria. Também não calculou que a sociedade já comprara a causa do TCU. 

O fato é que, por desígnio dos equívocos continuados, o representante do Palácio, conseguiu apenas unir os membros do TCU, que afinal infligiram duas ou mais derrotas ao mesmo tempo ao Governo, uma, pela manutenção e voto de aplauso ao Nardes, e outra, pela unanimidade com que se deu a rejeição das contas. Outras derrotas são morais, ficando por conta da exposição do desprestígio e do aprofundamento da crise. 


Há até quem afirme que, ciente da inevitabilidade da reprovação das contas, o AGU revelou-se calculista ao imprimir o selo da suspeição, e com ele sustentar suas arguições recursais junto ao STF. Mas, esse parece um raciocínio excessivamente tortuoso e sem condições de prosperar.


Agora, em plena ressaca da batalha e provavelmente da guerra perdida, o Dr. Adams declara apenas o declarável de que vai continuar trabalhando para a defesa da (ex) presidente. Chama-se isso dever de ofício. 


Enquanto isso, a dilma, enquanto não encontra uma solução para armazenar o vento, vive o seu mundo de Poliana, afirmando que tudo tem jeito de superar, que pode representar profundo otimismo, mas também desabrido e quase infantil descolamento da realidade, da sua realidade em relação ao fim do espaço político.


Não há de restar dúvidas de que a convergência da ação do TSE com a reprovação das contas pelo TCU, mais a traição da base “aliada”, estão formando o cenário perfeito para o afastamento da madama. O último Às de Ouro da sua manga pode ainda ser a negociação direta dos cargos do segundo, terceiro e enésimos escalões, com as quais pode comprar adesões, no velho e conhecido fisiologismo que encanta as serpentes. Mas, como está sendo provado, nem essas “concessões” se traduzem em garantia de apoio.


Como não são ainda claros os ritos dos próximos passos no Congresso, e como estamos no Brasil, é importante esperar, porque de onde não se espera é de onde não sai nada mesmo.


A sociedade haverá de considerar os últimos acontecimentos como uma vitória da democracia com a percepção da plenitude do funcionamento das instituições. Significa que, pelo menos até aqui, a instabilidade política fulminou a economia, destruiu a indústria, está martirizando as famílias, mas não contaminou ainda a estabilidade constitucional, como acontece em tantos outros países.


Mas, em outro aspecto, não temos motivos para grandes comemorações. O que estamos vendo é o constrangimento pela má escolha e o desmoronamento dos ídolos aos quais entregamos os destinos do país. Subsiste a necessidade de se manter permanentemente atentos para a preservação do que resta, e para o enfrentamento do desafio de sobrevivência digna e de reconstrução do desastre.


Aí então estaremos prontos para continuar cometendo as mesmas falhas de escolhas.




Por: Luiz Saul Pereira

3 comentários:

  1. ESSE SAUL É BOM DEMAIS....

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    1. Este comentário foi removido por um administrador do blog.

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  2. Janaina Barbosa lima8 de outubro de 2015 às 23:17

    Não sei mesmo onde ele arranja tanto assunto para escrever neste blog quase todos os dias.

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