Do Portal EBC
A notícia de que Pernambuco está em estado de
emergência em função do aumento de casos de microcefalia no estado
trouxe diversas dúvidas a mães e gestantes sobre a origem dessa
malformação, que compromete o desenvolvimento adequado do cérebro do
bebê. Os questionamentos também estão mobilizando médicos, a Secretaria
de Saúde e hospitais de todo o estado, que buscam uma explicação para o
aumento do número de episódios: em média, os casos no estado não
passavam de dez por ano, mas nos últimos quatro meses foram confirmados
141.
“Estamos, há duas semanas, numa operação de guerra com todas
as frentes abertas, a gente não tem previsão de prazo, estamos correndo
contra o tempo, com várias frentes de atuação. A secretaria quer saber o
quanto antes a causa para poder atuar na prevenção e no tratamento”,
explicou Luciana Albuquerque, secretária executiva de Vigilância em
Saúde da Secretaria Estadual de Pernambuco.
A microcefalia não é
uma “doença” nova. Em geral, a malformação congênita está associada a
uma série de fatores de diferentes origens. Pode ser o uso de
substâncias químicas durante a gravidez, como drogas, contaminação por
radiação e infeccção por agentes biológicos, como bactérias, vírus e
radiação. Entretanto, ainda não há uma explicação para o aumento
repetino dos casos nos municípios pernambucanos.
“Por enquanto,
não queremos criar pânico diante das hipóteses que foram levantadas.
Precisamos saber a causa e a preparar a rede para atender a esses bebês
com fisioterapia e terapia ocupacional, pois eles podem apresentar
limitações motoras e cognitivas”, adiantou a secretária.
Além de
criar um protocolo de notificações do atendimento a mães e bebês, a
secretaria conduz uma investigação minuciosa para descobrir as causas do
“surto”, que inclui os dados dos prontuários das gestantes e visitas às
casas das mães para colher o maior número possível de informações.
Confira abaixo uma lista de perguntas e respostas sobre o caso:
O que é a microcefalia?
A
microcefalia não é um agravo novo. É uma condição neurológica em que a
cabeça do recém-nascido é menor quando comparada ao padrão daquela mesma
idade e sexo. Neste caso, os bebês com essa malformação congênita
nascem com um perímetro cefálico menor do que o normal, que
habitualmente é superior a 33 cm.
Quais as causas desta condição?
Em
geral, a malformação congênita está associada a uma série de fatores de
diferentes origens. Pode ser o uso de substâncias químicas durante a
gravidez, como drogas, contaminação por radiação e infeccção por agentes
biológicos, como bactérias, vírus e radiação.
Por que há um aumento do número de casos de microcefalia em Pernambuco?
A
Secretaria de Saúde do Estado está analisando possíveis causas para
essas ocorrências, entre elas: infecções congênitas (rubéola, sífilis,
varicela, toxoplasmose), agressões teratogênicas (drogas como
talidomida, aspirina, tetraciclina, calmantes), alcoolismo materno,
drogadição (cocaína), infecções provocadas por dengue, chikungunya ou
zika, entre outros. Entretanto, ainda não foi identificada a causa.
Ministério da Saúde está acompanhando os casos de microcefalia em
Pernambuco, estado que tem apresentado aumento de casos da doença,
classificado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como situação
inusitada em termos de saúde. Há relatos de profissionais de saúde sobre
o mesmo ocorrido nos estados da Paraíba e do Rio Grande do Norte. As
suspeitas estão sendo investigadas e todos esses locais contam com a
atuação de profissionais do ministério.
Há registro de "surtos" de microcefalia em outros países?
Por
enquanto, não há relatos na literatura científica e nem casos
registrados em outros países da associação do zika vírus com a
microcefalia. No entanto, de acordo com o ministério, nenhuma hipótese
está sendo descartada.Há registro de "surtos" de microcefalia em outros países?
O bebê com microcefalia pode morrer ou ter sequelas?
Cerca de 90% das microcefalias estão associadas com retardo mental, exceto nas de origem familiar, que podem ter o desenvolvimento cognitivo normal. O tipo e o nível de gravidade da sequela vão variar caso a caso. Tratamentos feitos desde os primeiros anos melhoram o desenvolvimento e a qualidade de vida.
Como é feito o diagnóstico de microcefalia?
Após o nascimento do recém-nascido, o primeiro exame físico é rotina nos berçários e deve ser feito em até 24 horas do nascimento. Este período é um dos principais momentos para se realizar busca ativa de possíveis anomalias congênitas. A microcefalia também pode ser identificada durante a gravidez, nos exames pré-natais.
Qual é o tratamento para a microcefalia?
Dependendo do tipo de microcefalia, é possível corrigir a anomalia por meio de cirurgia. Geralmente, as crianças precisam de acompanhamento após o primeiro ano de vida. Nos casos de microcefalia óssea, existem tratamentos que propiciam um desenvolvimento normal do cérebro.
Que exames estão sendo feitos nas crianças e nas gestantes dos estados (PE, RN e PB) que já notificaram o Ministério da Saúde?
A
partir dos casos identificados em Pernambuco, estão sendo feitas
investigações epidemiológicas de campo como a revisão de prontuários e
de outros registros de atendimento médico da gestante e do
recém-nascido. Também estão sendo feitas entrevistas com as mães por
meio de questionário. Os casos seguem para investigação laboratorial e
exames de imagem, como a tomografia computadorizada de crânio.
Neste momento, existe recomendação do Ministério da Saúde às gestantes?
Neste
momento, o Ministério da Saúde reforça às gestantes que não usem
medicamentos não prescritos pelos profissionais de saúde, que façam um
pré-natal qualificado e todos os exames previstos nesta fase, além de
relatarem aos profissionais de saúde qualquer alteração que perceberem
durante a gestação. Além disso, é importante que os profissionais de
saúde estejam atentos à avaliação cuidadosa do perímetro cerebral e à
idade gestacional, assim como à notificação de casos suspeitos de
microcefalia.
Microcefalia em Pernambuco
Clima de tensão no Hospital Universitário Osvaldo Cruz - Até
9 de novembro, foram identificados 141 casos. Esses registros foram
provenientes de residentes em 42 municípios de diferentes regiões do
estado. A maior parte dos nascimentos (55%) ocorreu no município do
Recife.
Quanto ao perfil dos casos, 53,9% dos bebês são do sexo feminino e a maioria (98,9%) nasceu de gestação única.
Crédito: Agência Brasil
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