Vaidoso na essência, o povo brasileiro não tem motivos para se ufanar da
sua representatividade parlamentar no Congresso Nacional. Essa reflexão
não tem a ver com o mérito, mas com a forma reles com que os destinos
do país são tratados em ambas as casas legislativas da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal. Também não se pode afirmar o exaurimento
do modelo de Legislativo que vige no país para a composição dos Poderes,
e que funciona como contraponto perfeito para o equilíbrio do conjunto.
A questão do demérito político está no despreparo intelectual de razoável número dos participantes em um ambiente de degradação da urbanidade tal qual uma classe estudantes indisciplinados onde impera o desrespeito às comezinhas normas da civilidade. Pode até ser que esta tenha sido a marca dos comportamentos em tempos anteriores quando a sociedade não dispunha dos meios de comunicação para acompanhar os eventos congressuais. Agora, não, uma vez que tudo é visto, comentado e interpretado para uma formação de juízo e de julgamento, assim como de escolha futura.
Nesta semana foi o que se viu no desenrolar da chamada Comissão Espacial do Senado Federal que trata do eventual afastamento da não mais recomendável dilma nava rousseff, com a contribuição dos juristas Reale Junior e Janaína Paschoal, os quais, ao contrário do que aconteceu na sessão da Câmara, não foram realmente bem em suas argumentações.
A Dra. Janaína, talvez por excesso de emoção na
convicção de suas verdades, não logrou o mesmo resultado de galvanizar a
opinião pública e de parte do plenário. Daí que o bate-boca dos
juristas com os encaniçados defensores da mulher sapiens terminou por,
de alguma forma igualar o deficiente nível disciplinar e cultural do
ambiente. Embora o jogo já pareça efetivamente jogado, não houve uma
contribuição extraordinária dos mesmos naquela sessão.
Mas, o fato é que é penoso assistir àqueles senhores e principalmente algumas senhoras travestidas de sacerdotes e sacerdotisas repetirem infindavelmente os mesmos estribilhos de um verso desprovido de prosa e de rima, incapazes de apresentarem um fato novo para o rumo do julgamento. Tudo se assemelha de parte a parte ao famoso Samba de Uma Nota Só.
Do ponto de vista da mera retórica da atuação parece possível destacar o esforço do José Eduardo Cardozo, que se prova melhor como AGU do que como o Ministro da Justiça que foi. Embora o conteúdo de sua argumentação não se tenha revelado suficiente para reverter o quadro fundado mais em bases políticas do que jurídicas, o Cardozo parecia se divertir com a ansiedade dos demais participantes. Era um professor sem conteúdo usando a pompa e a malandragem jurídica para falar sem necessariamente dizer alguma coisa. Mas, os “alunos” entravam no jogo.
Enfim, quem se deu ou ainda se dará ao trabalho de assistir às sessões dessa Comissão Especial do Senado não há de esperar uma aula de civilidade e de boas maneiras. A coisa estará mais para uma sessão de escatologia explícita que somente valerá a pena em razão do final da tarefa com a expulsória que a dilma imagina temporária, mas que desde já assume aqueles significativos ares de definitivo.
Ainda assim remanesce reprovável a conduta dos chamados representantes do povo nas casas congressuais que já abrigaram Rui Barbosa e tantos personagens de que a população ainda se orgulha.
Quanto aos atuais...
Por: Luiz Saul Pereira
Brasília - DF
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