Liège de Melo
No universo da casa calada
há luzes e cheiros entranhados -
frio que invade a sala
gatos a correr pelos telhados
Há a poeira que já foi da rua
colada em cadeiras tortas e nuas
que se aquecem sob a mesa enrijecida,
coberta por uma sóbria toalha umedecida.
Quartos, armários e camas vazias -
Espelhos opacos, órfãos de fantasias -
Vasos sem flores, vitrola sem canto -
livros rotos, esquecidos num recanto
Pregos seguram fotos de tons desbotados -
Imagens de adultos e crianças contentes -
Naquele ambiente deslembrado -
de cor, de calor e de gente.
Há em toda a casa calada
lembranças que passeiam a todo momento,
Resquícios de muitas vidas
unidas em um velho e triste encantamento
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