segunda-feira, 19 de setembro de 2016

REFLEXÕES DE UM ESPERANÇOSO ANALFABETO POLÍTICO - POR LUIZ SAUL




Uma vez virada a página relativa àquela ex-presidente, uma vez virada a página do Eduardo Cunha, uma vez que a virada da página do Barba é iminente, parece que o país está abrindo uma semana ocasionalmente sem as “graciosidades” de sempre do ponto de vista político, a não ser que, por hábito, surja um fato novo como vem acontecendo a cada semana. Esse eventual vazio, porém, não há de significar calmaria na Esplanada. 


Com efeito, o PGR Janot fechou a semana anterior denunciando o Valdir Raupp (PMDB-RO), por corrupção e lavagem de dinheiro, em uma situação que parece dança de aproximação aos demais morubixabas daquele partido, especialmente quanto ao Renan, Jucá, e, quem sabe, o próprio Temer. Vai daí que a agenda do Judiciário registra as expectativas das decisões sobre a denúncia do Raupp, e também da questão das prisões em segunda instância, no Supremo, e, na República de Curitiba, o Dr. Moro decidirá sobre a questão do Lula. Temos então a garantia de novas e fortes emoções.

Já no lado do Partido dos Trabalhadores não se dispersam as nuvens negras. Além das naturais preocupações com as campanhas municipais indicativas da redução da sua musculatura, tem o Lula em encruzilhada sobre se defender ou fazer campanha ou cuidar da saúde. Resta ainda o caso do Instituto com o seu nome e o depósito de “presentes”, também presenteado pela OAS.

Afora isso, outro grande dilema do PT é, sem dúvida, o homizio ou abrigamento daquela ex-presidente, a qual, por tantas diatribes e pelo conjunto da incompetência, que não só afundou a nação, mas iluminou a estrela petista, tal qual a de Belém, para ser vista de qualquer distância pelos autores da devassa ora em curso. Ignorando a rejeição que a maioria consagra à dita cuja, o presidente da sigla, Rui Falcão, foi instantaneamente desautorizado no convite para que a mulher assumisse a presidência da Fundação Perseu Abramo. O vexame repetiu-se quando tentou emplacá-la na figurativa presidência, agora do Conselho Curador da mesma Fundação.
Nessas condições, talvez deva refundar a lojinha de R$1,99.

No entanto, a partir de uma frase pinçada do decano da Câmara, deputado Miro Teixeira (“ninguém quer cassar um colega" e que a votação sobre quebra de decoro gera "desconforto"), além de outras manifestações nem tão veladas, a parcela esperançosa da sociedade já acostumada com a intrepidez do Ministério Público Federal, poderá assistir desamparada a movimentação interna corpore para proteger quem não merece qualquer tipo de arrimo.

Assim como o Donadon, como o Cunha, o André, o Demóstenes, o Delcídio, o Luiz Estevão, para citar alguns, encontram-se atualmente na vala das investigações 26 deputados e 14 senadores por motivos diversos, e, em instâncias distintas, que vão desde os Conselhos de Ética até o Supremo. A eventualidade de se confirmar o movimento segundo o qual não há clima para novas cassações como está sendo veiculado nos bastidores e fora deles remeterá o país à condição de impunidade em que surfavam até pouco os corruptos da República. Seria uma simples questão de restabelecimento do status quo. 

Aliás, não é sem motivo a recente frase do deputado Marcos Rogério (DEM-RO) que, apesar de haver sido o relator da expulsória do Eduardo Cunha, caprichou no ensaio de tirar o corpo fora das responsabilidades, afirmando que "Muitos pensam que não cabe a nós sermos os carrascos uns dos outros, e sim ao Judiciário e ao povo." Ora...
Para nós, zé povinho, que habitamos a linha da desproteção, o raciocínio se afigura singelamente trivial, concluindo que a punição constitui consequência natural do crime. A hipótese do constrangimento alegado ou renúncia ao exercício de função acaso espinhosa mas elencada nas obrigações parlamentares haverá de ser percebida como despreparo para o cargo. 
Reflexões de um esperançoso analfabeto político...



Luiz Saul Pereira
Brasília - DF

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