sexta-feira, 26 de maio de 2017

JUIZO MENINOS! - POR LUIZ SAUL



Para aqueles que costumam defender a intervenção e a volta das forças armadas ao poder neste país vale observar a reação da sociedade e mesmo da combalida classe política que a convocação temporária do Temer implicou quando decretou a presença dos militares para o que chamou garantia da ordem em seu derredor, ainda que por prazo definido. 

Mesmo que esteja claro que o país necessita de urgente chacoalhada na busca de uma normalidade mínima, o simbolismo que o decreto reavivou teve o condão de remeter a sociedade às lembranças da obscuridade que prevaleceu por mais de duas décadas com consequências que ainda perduram. De notar que, mesmo que aquelas presenças de aparência austera na vida nacional hajam em muitos momentos transferido a sensação de organicidade e compromisso com a coisa pública – que hoje não acontece –, a contrapartida da insegurança civil e a perda da liberdade constituiu um preço excessivo para o qual não se está pronto para a repetição.

Vale notar também que a degradação moral e comportamental de alentada parcela da representatividade política associada à imoralidade da iniciativa privada, conquanto haja fragilizado a estrutura do país, preserva, ainda, e pelo menos por enquanto, o funcionamento das instituições. Sinais aqui e ali de contaminação isolada não têm sido suficientes para a perda da esperança, ou para sugerir alternativa que não a da escolha pela opção universal do voto.

Não se trata aqui de execrar gratuitamente as forças armadas que afinal representam o pilar da segurança nacional, e, que, na individualidade, é constituída de cidadãos tal qual os demais. A questão é outra, ligada a liberdades individuais, a autonomia de ir e vir e autodeterminação do pensamento. Essas coisas, em maior ou menor escala, foram interditadas por longos e inesquecíveis anos. 

Por tudo isso, o pânico instalou-se instantaneamente nas pessoas que perceberam o perigo de um avanço que o decreto – que, aliás, já foi prudentemente revogado – poderia implicar, na medida em que poderia acenar para uma relação incestuosa entre o claudicante presidente e algum militar desgovernado para, sob a égide da suposta reorganização, a continuidade dessa droga que está aí.

Olhando o retrovisor daqui e de muitos outros países em estado de decadência perceberemos que esse tipo de associação já se repetiu em muitas nações que, prisioneiras de estados de exceção, mantiveram a respectiva sociedade refém do arbítrio e do tacão por longas temporadas, e que as feridas de tais tempos jamais cicatrizaram. O risco é real. Vide, por exemplo, a Venezuela, que noutros tempos foi uma democracia. E quem se lembra da Argentina, do Videla e outros generais, e do Chile, do Pinochet?

Para quantos continuam aspirando o retorno dos rapazes das fardas e dos fuzis resta apenas um conselho: Juízo, meninos! Já não há espaço para Operação Condor e brasileiros jogados em alto mar, “suicidados” em celas ou desaparecidos tal qual abduzidos!



Por - Luiz Saul Pereira
         Brasilia - DF

2 comentários:

  1. Luiz Carlos Nunes Siqueira26 de maio de 2017 às 20:17

    Um contexto além da nacionalidade, perfeito.
    Concordo.

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  2. Se for para termos uma democracia plena que continue,mas do geito que está não dá.
    Vou ser breve no testo, só vemos representantes com ganância em salário (dinheiro), seja no poder legislativo, judiciário e executivo as leis todas ultrapassadas,vivemos presos dentro de casa e os bandidos soltos nas ruas, reformas que são necessárias em todos os sentidos e muitos querendo o contrário.
    É assim que querem democracia? quase todos os órgãos públicos devendo a previdência, inclusive a que se diz federal, Caixa econômica,onde vamos parar? Correios falido, digo mais: onde tem politicos pelo meio, quebra, vai a falência, porque? vocês sabem!
    Uma intervenção militar dentro da constituição por um tempo de mandato de prefeito até que não seria ruim, para fazer uma varredura e botar esses políticos para viverem em seus estados levando uma vida igual a nossa cidadãos que damos um duro danado para sustentar as nossas famílias.. .isso sim é o correto para o Brasil que estamos vivendo.Os militares de hoje têm outra mentalidade, são de outra geração, irão conduzir o Brasil mostrando o que é certo e errado, sem derramamento de sangue.
    Brasil ame-o ou deixe-o!

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