terça-feira, 20 de junho de 2017

TUDO É POSSÍVEL... MAS, NEM TUDO É PROVÁVEL - POR LUIZ SAUL



Na espreita das incertezas políticas, o Mercado descarta pelo menos por enquanto manter a dança de acasalamento que há muito vinha ensaiando como o Palácio do Planalto, mormente pela percepção generalizada de que, apesar das ameaças, a nação vinha engatinhando soluções de médio prazo para as enormes turbulências provocada pela concupiscência e pela imoralidade dos seus homens e mulheres. Esse recolhimento tornou-se compreensível a partir da entrevista radioativa concedida pelo Joesley Safadão à Época, em que, na sua versão, decodifica a estrutura e o funcionamento do governo Temer, a quem classifica como chefe da quadrilha mais perigosa daqui. 


Mesmo considerando as incongruências contidas no cotejo da entrevista de agora com o depoimento prestado à Procuradoria Geral da República, há cerca de um mês, e, ainda considerando que se trata da versão individualizada de um criminoso, o fato é que a eventualidade da desconstrução de suas acusações nem é simples nem instantânea. No caso, súbita e abrupta, somente o resultado do acusatório, como sempre acontece nessas situações de emporcalhamento moral, justo ou não. Vale dizer, portanto, que o presidente de plantão haverá de muito se inspirar nas jurisprudências de que é mestre, mas principalmente explorar circunstâncias objetivas de contraposição às denúncias que foram impostas a si (vida privada, inclusive), às adjacências de suas convivências parlamentares, e ao relacionamento com a coisa pública. 

Sem jamais pensar em defender que não deve a princípio ser defendido, tem-se que não passou despercebida, nem poderia, a seletividade do alvo. Isso porque qualquer cidadão menos informado sabe que a corrupção é uma espécie de deletéria confraria nossa que vem desde Cabral. Sendo assim, transitou inquestionavelmente em menor ou maior escala por todos os mandatos de todos os mandatários. 

Seguindo tal raciocínio, aquele cidadão menos informado concluirá que os interesses empresariais do entrevistado percorreram, também, os anos de Lula/dilma com a avidez que ensejou a transformação em relativo curto prazo de um açougue de interior em um dos maiores conglomerados internacionais de fornecimento de carnes e derivados. 

Vai daí que, mesmo com muito boa vontade de amparar todos os argumentos da entrevista, a sociedade haverá de estar atenta à ausência de qualquer menção àquele período em que o dito conglomerado tomou impulso e que as explicações devem estar retidas apenas na capacidade empreendedora dos seus titulares e na competência da equipe de gestão. 

Sobre o assunto, aliás, parecerá estranho para alguns que a revista não haja suscitado esse histórico da empresa para melhor compreender a sua evolução e a possibilidade de os descaminhos haverem ocorrido exclusivamente sob o Michel Temer e respectivos auxiliares e/ou pares, sócios, apoiadores, aliados, sabe-se lá!

Tudo é possível, é claro. Mas, nem tudo é provável.



Por: Luiz Saul Pereira
        BRASÍLIA - DF

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