quinta-feira, 10 de agosto de 2017

QUE SE MUDE ENTÃO A LEI.E QUE SE MUDEM OS HOMENS! - PR LUIZ SAUL


Ao afirmar que o “Brasil se perdeu na história e desencontrou-se de si mesmo”, o afetado Ministro do STF, Luiz Roberto Barroso, externou à Globonews a sua diagnose acerca da obra criminosa corrente no país, assim como dos seus autores com a seguinte explicação: “É imperativo que, com o devido processo legal, moderação, proporcionalidade, se cumpra a lei e se puna, adequada e proporcionalmente, essas pessoas todas que acostumaram a viver com dinheiro dos outros, com dinheiro desviado da sociedade e do povo brasileiro”.
A explanação do Ministro constitui quase uma música aos ouvidos de uma sociedade que abriga a mesma aspiração, mas que há muito foi posta à margem tanto das decisões quanto principalmente da percepção da quebra do teórico contrato de confiança havido entre os representantes e os representados.
Apesar da enorme distância entre a compreensão do imperativo das medidas mencionadas e a sua adoção em um arcabouço jurídico aparentemente construído em benefício de estender ad infinitum a discussão das culpabilidades e da adequada aplicação da Lei, as palavras do magistrado soam como o mundo ideal para uma população de aspirações moribundas.
A cada dia que passa, o cidadão comum defronta-se com novidades criminosas que vão desde a continuidade delitiva dos desvios de dinheiros e bens públicos, mas que atingem atividades mais comezinhas, como, por exemplo, o conluio entre agentes públicos e empresas funerárias para a liberação de cadáveres pelo IML do Rio de Janeiro. É a raspagem do fundo do tacho do pudor onde o despudor já imperava.
Mas, “eles” insistem em inovar, como, por exemplo, fez o Temer. Lançou um balão de ensaio para o aumento das alíquotas do Imposto de Renda Pessoa Física a ser aplicado em uma população empobrecida e secularmente extorquida. Não fosse a reação em cadeia dos contribuintes, desta vez associados ao empresariado fornecedor de bens de consumo – as duas pontas que se juntam – estaríamos com um fardo complementar nas costas. Daí, o recuo com o respectivo entre as pernas. Mas, precatai! Outras “bombas” estão a caminho.
Já não é possível avaliar quantas gerações serão necessárias para a remoção dos maus costumes da parcela representativa do povo daqui. O que se imagina é que a missão já tarda, e que não pode cessar a indignação sem contribuirmos para o início de uma renovação do, digamos, plantel, senão em nome do momento, mas pelo menos olhando para os nossos futuros bisnetos.
Da mesma forma, não basta a erudição do Ministro Barroso se a interpretação e a aplicação da Lei no seu ambiente (uma Lei, aliás, capenga, ambivalente e geralmente plácida), além transparecer a letargia desafiadora do tempo, a sua mão leve tantas vezes aparenta aos olhos do leigo minorar as culpas do infrator.
Que se mude então a Lei. E que se mudem os homens! Que se mudem os ministros, até porque alguns não fazem falta!



Por: Luiz Saul Pereira,
        Brasilia - DF

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