terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

OREMUS! AFORA, TUDO É PERIGOSO - POR LUIZ SAUL

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Decretando a intervenção na segurança pública do Estado do Rio, o Presidente que aí está fez-me lembrar a sátira produzida pelo comediante Ary Toledo, no episódio da chamada conjuração mineira, quando o Visconde de Barbacena “botou os milicos na rua, mandou sentar a pua, bater, matar e prender.” Isso, depois que o Joaquim Silvério dos Reis entregou os conspiradores.
Nem tudo mudou tanto, uma vez que, tempos depois, já no século 20, eles também, por saudade ou por maldade, reencenaram o costume de sentar pua, prender, bater, matar e torturar. A diferença está no paradoxo de agora em que a presença da nova geração de milicos constitui um anseio de uma sociedade refém dos crimes do morro, do asfalto, dos gabinetes empresariais e políticos. Mais emblemático é que a intervenção se deu a pedido do governador do Estado depois de reconhecer a incapacidade de enfrentar a situação de desordem generalizada.
Aliás, essa confissão do governador e a evasão do prefeito do Rio durante o carnaval bem que poderiam sugerir a extensão da medida a todas as instituições dali. A interrogação inicial é que, não havendo um plano de ação, como já afirmou o interventor, parece que a população contará no primeiro momento apenas com a presença de força que os uniformes implicarão.
Por sua vez, será bastante provável que a bandidagem mais ostensiva opte por umas férias enquanto durar a medida extrema e até se mude para outros estados nos quais reorganizarão suas forças. Esse tipo de perspectiva já está estressando autoridades de outras unidades da Federação mediante alertas emitidos ao Planalto.
Outra avaliação das consequências tende a sugerir interpretações sombrias sobre o futuro, uma vez que, tal qual o Rio de Janeiro, outras regiões convivem talvez em menor escala mas igualmente perigosa impossibilidade de combater o crime generalizado, especialmente aquele organizado nas penitenciárias. Daí que, à medida em que eventualmente se aplique o uniforme e o tacão noutros estados, voltaremos gradativamente “àquele passado”, para quem se lembra.
Não há de passar despercebido que, embora justificada sob muitos aspectos, a intervenção na segurança pública do Rio é um pau que nasce torto. Isso porque apesar de toda a importância no sentido de restabelecer a paz, pode ser interrompida para atender o interesse do Palácio para a votação das reformas do Temer. Então, não há como extrair a verdadeira prioridade desse pessoal.
E ainda tem outra questão, uma vez que, tradicionalmente rebelde e genericamente viciado, o aparato policial dos meninos do Rio pode resistir às mudanças e embaralhar as relações com o novo comando. A ver...
Mas, olhando para o panorama político, é certo que, acaso o interventor Braga Netto a associação criminosa vigente por ali, proceder aos indispensáveis expurgos em instituições viciadas e restabelecer a segurança da população, o Michel Temer será promovido a herói nacional (santo, talvez), como o intrépido Presidente que ousou jogada constitucional para a garantia do bem estar do seu povo. Urra!
E outros estados pedirão isonomia de tratamento.
Afora isso, tudo é perigoso. Mas, já era antes quando a seita pretendia estabelecer um estado bolivariano.
Oremus!



Por: Luiz Saul Pereira
        BRASÍLIA - DF

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