quinta-feira, 9 de agosto de 2018

E NÓS, ÓI! SEM FARINHA, NEM PIRÃO - POR LUIZ SAUL


“Farinha pouca, meu pirão primeiro” parece ser o raciocínio da maioria da composição do Supremo Tribunal Federal.
Abstraindo a situação do cofre da viúva, o STF decidiu por maioria encaminhar a proposta de reajuste da classe (talvez casta) para a inclusão no orçamento da União, na proporção de 16,38%.
A percepção da grave crise vivida pelo país passou ao largo dos magistrados que optaram por ignorar o efeito cascata embutido em sua proposta.

Com efeito, o aumento proposto implicará a mudança do patamar do teto dos ganhos, que é o parâmetro da formação dos proventos de todos os integrantes do serviço público. O efeito cascata do reajuste, aplicável a todos os poderes, romperá todas as barreiras dos gastos para constituir mais um dado da herança efetivamente maldita para o próximo governante.
Embora seja sempre desejável que os salários, proventos, ou o que for, sejam sempre a perfeita e equilibrada contrapartida da prestação dos serviços, haveria de ser observada na presente situação, pelo menos em tese, a responsabilidade com a crise nacional.
Isso porque, ponderando os ganhos cumulativos desses servidores, aí compreendidos salários, auxílio aluguel, auxílio voto, carros, gasolina, passagens, diárias, planos de saúde extensivos às famílias por toda a hereditariedade, 60 ou mais dias de férias, outras mordomias e o escambau, não há como afirmar que estejam desprotegidos ou submetidos a enormes prejuízos econômicos, como alardeado por alguns dos cínicos.
Se tem o condão de beneficiar, “desafogar” a “casta”, a medida aumenta a perspectiva do distanciamento entre as cortes e a sociedade, em uma percepção crescente na decorrência de decisões (especialmente as monocráticas) consideradas extravagantes e descoladas do pensamento da população, como há muito se vem repetindo.
Ainda agora, o Dr. Gilmar Mendes, que tem proposta de impeachment insistindo em dormitar nas gavetas do Congresso, decidiu suspender a ação contra o notório Jacob Barata Filho, tido e havido como pessoa da intimidade do ministro, e que é solto a cada nova detenção, e, de quebra, mandou soltar mais três implicados na Lava Jato-Rio, na aparente medição de forças com o Juiz Federal Marcelo Bretas.
É como, se, uma vez no posto, no cargo, nas funções, perdesse o sentido o conceito de sensibilidade, ou, noutra hipótese, impusesse a própria filosofia de interpretação das leis e da Constituição.
Bom, esta é a visão que, certa ou equivocada, embala o pensamento do leigo.
Mas, enquanto isso, a proposta de reajuste vai à aprovação do Congresso e à sanção do Temer, o que, em tais circunstância de beneficiar todo o mundo em um ano eleitoral, é garantia de sucesso.
E nós, ó! Sem farinha nem pirão!
Só com os frutos da imoralidade!



Por: Luiz Saul Pereira
        TRIUNFO - PE
       

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