terça-feira, 18 de dezembro de 2018

JC: TRIUNFO É DESTAQUE COMO BOM EXEMPLO DE GESTÃO



Os municípios que estão bem em alguns dos índices que avaliam a gestão fiscal correm o risco de se desequilibrar, pois algumas das suas despesas – como a Previdência – estão crescendo mais do que as receitas. Em Pernambuco, são os casos de Triunfo e Agrestina.

 “Triunfo continua equilibrada do ponto de vista fiscal, mas o futuro é preocupante devido às despesas com a Previdência. Tivemos que aumentar o gasto patronal com a Previdência própria e isso provocou o crescimento dos gastos com pessoal”, conta o prefeito, João Batista Rodrigues (PR). 

Triunfo é uma das poucas cidades pernambucanas que aparecem entre as que possuem notas mais altas em dois estudos que avaliam a gestão fiscal: o Índice Firjan de Gestão Fiscal (IFGF) e o Índice de Efetividade da Gestão Municipal (IEGM). O município sertanejo alcançou a nota mais alta no IFGF e está entre as 13 cidades que alcançaram a nota B (a mais alta registrada no Estado) no IEGM.

O IFGF é calculado pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) e dá uma nota aos municípios baseada em cinco critérios: receita própria, gastos com pessoal, investimentos, liquidez e custo da dívida. O IEGM é divulgado pelo Tribunal de Contas de Pernambuco (TCE-PE), que concede uma nota aos municípios em conceitos que vão de A (altamente efetivo) ao C (baixo nível de adequação), se baseando na performance das cidades nas áreas de educação, saúde, planejamento, gestão fiscal, meio ambiente, proteção das cidades e governança da tecnologia da informação.

 “A nota do IFGF foi antes de aumentarmos a participação patronal da Previdência própria, quando o nosso gasto de pessoal ficava entre 40% e 42% da Receita Corrente Líquida (RCL) do município”, afirma Rodrigues, explicando que esse aumento foi um dos fatores que contribuíram para o município passar a gastar 48% da RCL com pessoal. A alíquota patronal da Previdência própria de Triunfo era 13% (em 2016) e foi para 17% em 2018. “Os cálculos atuariais (previdenciários) feitos pelo município apontam ser necessário uma alíquota de 25% no próximo ano”, diz Rodrigues.

 A parte patronal da alíquota é bancada pelo município que emprega o servidor. “Hoje, as pessoas se aposentam e vivem mais. O problema dos municípios é que o crescimento da receita não acompanha as despesas. Sem contratar uma pessoa a mais, a despesa de pessoal em janeiro vai aumentar porque teremos os reajustes do salário mínimo e do piso salarial de professor”, diz o prefeito, defendendo que somente a reforma da Previdência e o aumento das receitas podem contribuir para o município continuar equilibrado. 

Triunfo tem uma população estimada em 15.265 habitantes e trabalham na prefeitura 432 funcionários efetivos, somando mais 90 cargos, sendo 50 comissionados e 40 contratados temporariamente. 

Agrestina obteve a sexta maior nota no IFGF e compromete 46% da sua RCL com o pagamento de pessoal. Lá, a preocupação com a Previdência dos funcionários também é uma constante. “A despesa com Previdência própria pode desequilibrar o município e até inviabilizar a gestão municipal. De 2013 a 2018, foram homologadas 50 aposentadorias. E só recebemos a compensação previdenciária, que deveria ser paga pela Previdência da União, de dois funcionários”, diz o prefeito de Agrestina, Thiago Lucena Nunes (MDB). O município tem uma população de 24,7 mil habitantes e emprega quase 1,3 mil funcionários.

 Os dois municípios têm algo em comum: estão dentro dos limites da LRF, que permite ao Executivo municipal gastar até 54% da RCL com pessoal. No entanto, ambas correm o risco de descumprir a lei, se aumentarem as despesas com a Previdência própria. “A reforma da Previdência teria um efeito cascata nos Estados e municípios. No entanto, muitos municípios deveriam aprimorar a gestão, aumentar a eficácia da cobrança tributária sem aumentar os impostos”, resume o professor de economia da UFPE Écio Costa. 

Levantamento do TCE-PE mostrou que dos 184 municípios pernambucanos, 139 descumpriram o limite com a LRF em 2017.

Fonte: Jornal do Commercio
Caderno: Política
Data: 16/12/2018

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