sexta-feira, 12 de outubro de 2012

VIDA E CIDADANIA - QUASE 24 MIL CRIANÇAS AINDA VIVEM NAS RUAS DO BRASIL


Pesquisa do governo federal foi feita em 75 cidades com mais de 300 mil habitantes. Paraná tem 1,1 mil meninos e meninas nessa situação.
 
 

 

 
 
 
 
Censo divulgado  pelo go­­verno federal mostra que o Brasil tem 23.973 crianças e adolescentes vivendo nas ruas de 75 cidades com mais de 300 mil habitantes. Essa é a primeira pesquisa que mostra a realidade dessa população. O Paraná tem a quarta maior população infantil de rua do país, com 1.172 me­­ninos e meninas. Entre os adolescentes e crianças ouvidos, 63% disseram que vivem nessa situação por causa de brigas familiares e violência doméstica.


O estudo comprova o que ou­­tras pesquisas de menor alcance já tinham demonstrado: a maior parte dessa população é do sexo masculino e está na faixa etária dos 12 aos 15 anos. Metade dos entrevistados revelou que vive nessa situação há mais de um ano, o que é considerado um dado preocupante por especialistas, já que, quanto maior o vínculo com a rua, maior a dificuldade de se reverter a trajetória de vida. O estado com o maior número de crianças vivendo nas ruas é o Rio de Janeiro, com 5.091; a seguir vem São Paulo (4.751) e Bahia (2.313).

Um dos pontos da pesquisa que se destacam é o trabalho infantil. Vendas de produtos de pequeno preço, como balas e chocolates, lavagens e limpezas de vidros de carros e coletas de materiais recicláveis são algumas atividades realizadas por meninos e meninas para conseguir dinheiro, seja para próprio sustento ou para o da família.

Direitos básicos, como alimentação e estudo também não estão plenamente efetivados para essa população. De acordo com a pesquisa, 13,8% das crianças e dos adolescentes em situação de rua não se alimentam diariamente e 56,3% não estavam estudando na época do levantamento dos dados.

Outro destaque do censo é o relacionamento familiar entre as crianças e os adolescentes e os familiares. Segundo a pesquisa, mesmo em situação de rua, a maioria dos menores de idade (52,2%) retorna para a casa da família para dormir; outros (6,9%) dormem em casas de parentes ou amigos. Da mesma forma, a maior parte dos entrevistados (55,5%) declarou que mantêm um relacionamento bom ou muito bom com os pais.

Entretanto, um dos principais motivos apontados por aqueles que deixaram de dormir na casa da família foi a violência, como: brigas verbais com pais, mães e irmãs/ãos (32,2%); violência doméstica (30,6%); e violência e abuso sexual (8,8%). (Portal da Criança e do Adolescente)
Para Fernando Gois, fundador da Chácara Meninos de 4 Pinhei­ros, em Mandirituba, na região metropolitana de Curitiba, o censo deve servir de alerta para os gestores estaduais, já que os dados colocam o Paraná à frente de estados da Re­­gião Nordeste. Apesar disso, ele ar­­gumenta que a pesquisa deveria ter sido construída de forma mais participativa para se adaptar à realidade das crianças, já que, por exemplo, elas têm um trânsito in­­tenso dentro das cidades e não se sabe como isso foi contabilizado. “Faltam políticas públicas e com o crack estamos chegando ao caos”, diz.
 
 
Fonte: Gazeta do Povo, quinta-feira, 11/10/2012

Um comentário:

  1. Existe muita criança jogada na rua, sobrevivendo em condição sub-humana. Lamentável!

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