segunda-feira, 14 de outubro de 2013

SEGURANÇA DAS REDES DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO BRASILEIRA É FALHA

 
A segurança das redes brasileiras não responde a um comando único. Descentralizada em dois principais órgãos, com iniciativas e contribuição de vários ministérios, a estrutura é questionada por especialistas que defendem uma maior centralização, capaz de gerar respostas mais eficazes e evitar a sobreposição de tarefas.

A estratégia de defesa e boa parte das políticas gerais de segurança está a cargo do Centro de Defesa Cibernética do Exército (CDCiber), que responde ao Ministério da Defesa. Outro órgão importante é o Departamento de Segurança da Informação e Comunicações, do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República.

Segundo o relatório 'A Segurança e a Defesa Cibernética do Brasil', publicado em julho pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, 'a organização institucional tende a não favorecer ações integradas'.

Além dos dois órgãos citados, parte da política de segurança e defesa é feita ou tem contribuição de instituições como a Agência Brasileira de Inteligência, a Polícia Federal e o Ministério de Ciência e Tecnologia.

'Apesar de algumas ações estarem em andamento, a infraestrutura nacional de tecnologia de informação é ruim', afirma o documento produzido pelo atual assessor de defesa da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Samuel César da Cruz Júnior.

Articulação

Em entrevista à BBC Brasil, Cruz disse que 'falta articulação institucionalizada' e que, hoje, boa parte dessa integração 'depende de um relacionamento informal entre os órgãos'.'Como se fala em defesa cibernética sem envolver outros órgãos como Comunicações e Secretaria de Assuntos Estratégicos?', questiona.

Assim como Cruz, o general José Carlos dos Santos, diretor do CDCiber, destaca a importância de ações integradas. O tema já vinha sendo discutido em fóruns de especialistas, segundo ambos. Após o caso Snowden a discussão deve ganhar corpo.

A primeira iniciativa nessa direção foi a decisão que põe nas mãos do Gabinete de Segurança Institucional a edição de resoluções normativas para a área, a partir deste ano de 2013.

O general Santos diz ainda que 'a ideia de uma agência nacional de segurança cibernética está sendo discutida'. Cruz, por sua vez, propõe a instalação de uma escola nacional de segurança cibernética.

Mundo

A falta de uma estrutura clara de combate a ataques e crimes cibernéticos não é exclusividade brasileira. Cruz disse que 'todo mundo está tentando se organizar internamente'.

Cruz compara a estrutura brasileira a de outros países, como os Estados Unidos, onde todo esse arcabouço fica a cargo do Departamento de Defesa. O US Cyber Command cuida da política de defesa, enquanto a Agência Nacional de Segurança (NSA, na sigla em inglês) trabalha com a segurança das redes.

Segundo dados reunidos no relatório 'A Segurança e a Defesa Cibernética do Brasil', o orçamento anual do US Cyber Command é de US$ 119 milhões (2012). O similar brasileiro, o CDCiber, teve no mesmo ano R$ 100 milhões, menos de 50% dos recursos do órgão americano, de acordo com o diretor do órgão, general José Carlos dos Santos.

O autor do relatório, Samuel César da Cruz Júnior, citou Japão, China e França como países com um sistema de segurança e defesa desenvolvidos, mas pontuou que sua avaliação é subjetiva, já que, por razões óbvias, faltam dados para uma comparação a contento.

'Mesmo os Estados Unidos são vulneráveis. Eles se autointitulam um país vulnerável, até porque sistemas computacionais não são 100% seguros e os americanos dependem muito deles', disse Cruz.
 Segundo ele, 'a China é superprotegida', mas há que se considerar 'que o regime chinês é um caso à parte'. 'Não há internet na China, há uma grande intranet', diz, referindo-se ao isolamento chinês em relação à rede mundial de computadores.
 

Fonte: BBC Brasil - Todos os direitos reservados.

Um comentário:

  1. Se tinha espionagem no serviço de informação do Governo Federal,imagine nos outros

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