ERA UMA VEZ POLÍTICOS HONESTOS - POR LUIZ SAUL

 

A iniciativa do octogenário senador Pedro Simon de anunciar o seu afastamento da vida pública ao final do presente mandato contrasta profundamente com a decisão daquele outro seu colega de desistir da tentativa de reeleição ao senado pela iminência de derrota. 

 
Pessoalmente, nem acho que se trate de um autor de projetos ou de decisões impactantes para o país. A sua singularidade consistiu até aqui principalmente na cruzada desenvolvida de forma sistemática contra a corrupção e pela moralidade da vida política, diferenciando-o da maioria dos demais. Parece razoável imaginar que o espectro da sua língua e do discurso calmo e professoral tenha, no mínimo, infundido algum refreio a atividades condenáveis de alguns circunstantes da política.

 
Embora a hipocrisia partidária aparente conceder ao senador um pedestal de venerabilidade, consta por aí que vem enfrentando tentativas de alijamento das grandes ações e decisões nos subterrâneos do seu partido, justamente por conta do perfil corregedor com que se apresenta. É um senador “encostado” que sobrevive por conta de certo franciscanismo e ilibação.

 
A circunstância de haver-se transformado em um político profissional parece-me desfavorável à sua biografia, uma vez que mandatos políticos não podem ser considerados como emprego. Ainda mais quando o agente é portador de proficiência profissional, como é o caso desse criminalista e professor universitário.

Conceda-se lhe, no entanto, alguma indulgência por esse e outros inevitáveis pecadilhos por compensação de sua luta serena, mas implacável de insistir na fábula de “Era uma vez políticos honestos”.