Por mais que a parcela esclarecida da sociedade brasileira mantenha o dedo na ferida das mazelas nacionais não é possível concordar com a grosseria recheada do mais baixo calão dirigida à presidente na cerimônia de abertura da Copa do Mundo.
As vaias eram esperadas e compreendidas tanto para a Dilma quanto para o Blatter, como forma de repudiar a forma de governar, os gastos excessivos e a velada intervenção da FIFA no país. Mas, daí a reduzir o nível à imoralidade em uma ocasião de tamanha solenidade e exposição internacional da imagem da nação revelou, além do exagero, a mais autêntica forma de incivilidade.
A Presidência da República é uma instituição que não pode ser confundida com o ocupante eventual. A este, como é o caso, podemos reservar as mais ácidas críticas e desaprovação no âmbito interno e no cotidiano da percepção das falhas. Mas, à Instituição, que era o que estava representada ali na tribuna, devemos a indispensável reverência.
Ao observador externo que tenha compreendido o significado do refrão desrespeitoso ecoado no estádio, o incivil coro certamente soou como grave e incompreensível ofensa. Por isso que a imagem do brasileiro lá fora quase sempre nos desfavoreça. Para uns, somos apenas uns novos aculturados em fase de desenvolvimento.
Assim como as minhas observações negativas e a minha rabugice não fazem diferenças para a tal da Dilma, a minha solidariedade de agora para a presidente também não o fará.
Mas, é importante manter o senso crítico e o limite da manifestação sob pena de se ingressar em um tipo de fundamentalismo que emburrece, cega e nega espaço à razão.
Solidário, Tia Dilma, solidário.
Por: Luiz Saul
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
ResponderExcluirOnde estavam os senhores da Copa?
ExcluirOnde estavam ontem os políticos que festejaram a escolha do Brasil como sede da Copa do Mundo de 2014? Onde estavam: Lula, Sérgio Cabral, Eduardo Campos, Aécio Neves, José Serra, Jaques Wagner, Yeda Crusius, Cid Gomes, Carlos Eduardo de Sousa Braga, Wilma de Faria, Roberto Requião, José Roberto Arruda, Blairo Maggi? Onde estava Marina Silva que queria uma sede no Estado dela, o Acre? Onde estavam os prefeitos, senadores, deputados, ancoras de televisão e rádio que queriam tanto a Copa do Mundo? Onde estavam os prefeitos e governadores responsáveis pelas obras exigidas pela Fifa? Ontem, coube a uma única mulher receber toda a agressão de uma torcida rica e privilegiada que conseguiu ingressos para o jogo de abertura em São Paulo. Uma elite raivosa que não perde a chance de destilar seu ódio de classe, seus preconceitos e sua falta de educação. Parabéns, presidenta Dilma, você não se escondeu nos palácios da República como fizeram os governadores.
Quem semeia vento colhe vendaval
ResponderExcluirDe fato, xingar a presidente com palavras de baixo calão não foi lá muito adequado, principalmente, pelo fato de haver crianças no estádio (isso pode soar como um incentivo ao desrespeito às autoridades, à falta de limites, enfim, à indisciplina). No entanto, não nos esqueçamos de que, de certa maneira, esse é o tipo de atitude que o PT prega ao nosso povo. Por outro lado, tal xingamento não denigre em nada o brasileiro - como alguns querem nos fazer acreditar. Porque isso aconteceria em qualquer lugar do mundo (acho que até na França, por exemplo), se considerarmos a atual conjuntura do Brasil e o desrespeito que a presidente e o seu partido demonstram para com a população, ao fazer discursos mentirosos, revanchistas, incitando o ódio entre os cidadãos. Além disso, quem frequenta estádios pelo mundo afora sabe muito bem que ofensas e vaias são comuns, que o digam os árbitros, técnicos e jogadores... (Coitada da mãe do juíz!)
Pois bem, Rodrigo Constantino, em um de seus artigos, já mostra bem a farsa desse pessoal "puritano" (quando o moralismo convém a essa turma, é claro!), e eu não vou aqui ficar reinventando a roda; então, eis o que ele disse: "A mesma esquerda que faz um ensurdecedor silêncio quando Joaquim Barbosa é xingado de tudo que é coisa, retratado como escravo açoitado em blog que usa o nome da presidente, e até ameaçado de morte; que enaltece bailes funks cuja espantosa baixaria ocorre diante da presença de adolescentes, como se não houvesse problema algum; que aplaude vândalos mascarados que não respeitam a ordem ou a polícia; que justifica os crimes de invasão do MST com base na “justiça social”; que jamais cobrou investigação maior sobre a morte de Celso Daniel; que vibra com as paradas gays que praticam crimes de atentado ao pudor só porque é coisa de “minorias”; etc.; essa esquerda vem agora simular uma indignação moral com um palavrão em um estádio de futebol?".
Ora, petistas, deixem de nos tratar como otários. Chega de hipocrisia! Todo mundo sabe: quem semeia vento colhe vendaval. Ou, como diria o irreverente Falcão, aquele mesmo, o comediante e cantor cearense: todo castigo pra corno é pouco!
Ednaldo Bezerra