O Sarney, fazendo ouvidos moucos às vaias amapaenses, manteve a pompa imperial, mas finalmente caiu na real para anunciar a desistência de concorrer a novo mandato. Não há que se cogitar altruísmo no gesto. Tivesse uma avaliação de possibilidade de sucesso, certamente tentaria manter a sua decrepitude por mais 8 anos nas cadeiras do senado.
O anúncio do afastamento constitui uma alvissara que bem mereceria um acompanhamento de outros tantos há muito encastelados no nirvana do Poder, sem uma contrapartida minimamente proporcional.
Desde os tempos de vereador até a presidência de tudo que lhe passou à frente, esse político construiu um império que não se reverteu em um modal de proporcionalidade aos seus eleitores. Basta notar que o seu Estado continua portando o segundo menor IDH da Federação. É um polvo mágico que estendeu à família todos os tentáculos, abençoando aliados e trucidando politicamente os adversários.
Transitou por partidos de ideários absolutamente antagônicos, dormindo ora na cama do diabo, ora na alcova dos anjos, para manter-se no topo da onda. Mercê desse perfil camaleônico, herdou até a presidência da república em um episódio dramático do país, mas não logrou posteridade positiva por aquele mandato, exceto a de ser um civil substituindo uma ditadura da qual, inclusive, foi aliado. Desde então, mandou e desmandou na república, transformando-se estranhamente em uma referência reverenciada. Somos um país muito singular.
O afastamento de um agente público de trajetória tão longeva poderia, em tese, representar uma perda da vida pública do país. No entanto, afasta-se sem deixar saudade, exceto na família e na intimidade dos acólitos que se transformarão em viúvas.
Espera-se que império se extinga com ele, e que não haja têmpera bastante nos herdeiros para a continuidade.
Acabo de receber excelente notícia, o fim de carreira desse bandido desalmado chamado José Sarney. Melhor ainda se fosse direto pro inferno.
ResponderExcluirJá estava em tempo
ResponderExcluir