Ano
de eleições presidenciais. Espera-se que os pré-candidatos se
posicionem sobre os diferentes temas de interesse da população. E
um dos mais importantes temas é sobre a questão energética.
Até
o momento, o quadro eleitoral apresenta sete candidaturas. As
três dos partidos que terão mais tempo na televisão e quatro dos
“pequenos”. Estes em alguns casos fisiológicos, somente lançaram
pré-candidaturas para negociar seus tempos de televisão, tendo
também aqueles mais ideológicos, com posições bem definidas.
Neste
espaço, sucintamente comentarei o que fizeram e o que propõem os
pré-candidatos mais expostos na mídia com relação ao tema
polêmico: energia nuclear.
O
que predomina em comum nas três candidaturas é a visão
tradicional de associar desenvolvimento a aumento de consumo,
consequentemente à produção sempre crescente, necessitando mais e
mais de matéria prima e energia. Portanto, são pré-candidaturas
que defendem a construção crescente de usinas de energia, dentre
elas as nucleares.
Outro
aspecto comum é modelo de gestão publica que adotaram nos cargos
executivos que ocuparam, lançando mão de privatizações,
concessões, terceirizações e parcerias público-privadas. Esses
instrumentos são orientados para viabilizar o maior lucro para as
respectivas operadoras, mesmo sacrificando o interesse publico e as
necessidades básicas dos cidadãos. Nesse modelo, o Estado é
capturado pelos interesses econômicos (privados) e atua em favor
deles. O caso da energia é um exemplo claro, evidente.
A
prestação dos serviços elétricos, essencial ao bem estar e à
soberania do país, tem sofrido nos últimos anos tropeços causados
por políticas publicas contrarias aos anseios da população, que
são a segurança energética com tarifas módicas e qualidade no
fornecimento.
O
ex-ministro de Ciência e Tecnologia, ex-governador de Pernambuco e
candidato pelo PSB, teve papel de destaque no renascimento do
programa nuclear brasileiro, prevendo no Plano Nacional de Energia
2030 a construção de quatro novas usinas nucleares no país. Quando
governador, defendeu a vinda de uma dessas usinas para Pernambuco.
Enquanto
governador, priorizou em trazer para Pernambuco termoelétricas
movidas a combustíveis altamente poluentes, como o óleo
combustível. Foi o pai da absurda proposta de patrocinar a
instalação em Pernambuco da “maior termoelétrica do mundo”,
com 1.300 MW de potencia instalada, movida a óleo combustível.
Projeto que acabou sendo abortado pela pressão popular. O que não
foi possível impedir foi à instalação de outra termoelétrica a
óleo combustível, esta de 320 MW, em território pernambucano.
O
candidato do PSDB, na questão nuclear, não precisa (não falou
ainda) dizer muita coisa, pois se conhece a posição desse partido e
de seus membros de apoio à instalação de usinas nucleares no país.
O mais recente episodio nessa área está sendo protagonizado por um
deputado paranaense, que apresentou em 2007 a Proposta de Emenda à
Constituição – PEC no 122, que visa modificar os arts. 21 e 177
da Constituição Federal para excluir do monopólio da União a
construção e operação de reatores nucleares para fins de geração
de energia elétrica. Hoje, só a empresa estatal Eletronuclear
constrói e opera no setor. Caso seja aprovada, aquela PEC permitirá
a entrada de empresas estrangeiras na geração nucleoelétrica. Esta
proposta está preste para ser submetida à votação em plenário.
Quanto
à visão estratégica em relação à energia elétrica, não se
pode esquecer que, quando estava no poder, o PSDB levou o país ao
desabastecimento e racionamento energético em 2000/2001. Não
precisa falar muita coisa mais sobre o que nos espera com o retorno
desse partido político ao Executivo nacional.
E
o PT, esses 12 anos em que esteve no poder, não somente fez renascer
o Programa Nuclear Brasileiro, com a construção de Angra III, que
estava havia mais de 20 anos parada, como, por meio da aprovação do
Plano Nacional de Energia 2030, propôs a instalação de mais quatro
novas usinas nucleares no país, sendo duas no Nordeste e duas no
Sul/Sudeste. A contradição é evidente, pois vários de seus
membros eram totalmente contrários ao uso da fonte nuclear. Mas, ao
chegarem no poder, ....
Além,
é claro, da “maior especialista em energia”, a ex-Ministra das
Minas e Energias e atual Presidente da República, ter desarranjado
por completo o sistema elétrico nacional, submetendo os consumidores
a tarifas “padrão Fifa”, e trazer de volta o risco do
desabastecimento elétrico.
Bem,
esta é uma realidade nada alvissareira para quem em 2014 irá votar
e escolher o Presidente do país. Temos também outras
candidaturas que merecem atenção sobre esta temática. Duas
delas, a do PV e da PSol, posicionam-se contrarias à instalação de
usinas nucleares.
Fonte: Heitor
Scalambrini Costa
Professor
da Universidade Federal de Pernambuco
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