A RELAÇÃO DO PMDB E O PODER - POR LUIZ SAUL

Difícil, muito difícil entender um partido político, ainda mais quando se foca o PMDB com a sua estranha vocação de grudar nos ocupantes do Poder, sem a avaliação do ocupante e da respectiva orientação ideológica. Parece um coral que se imanta em uma barreira marinha. 

 
Possuindo em seus quadros um indicativo de reserva moral do tipo Pedro Simon, senador gaúcho, mantém-no no mais perfeito ostracismo, considerando-o por vezes uma figura folclórica e ultrapassada do partido. Percebendo-o ideologicamente independente, não o indica para praticamente nenhuma atividade prestimosa, especialmente para a composição de CPI. 

 
Enquanto isso, o senador, já na condição de decano da Casa, segue dando um conselho aqui, uma lição de moral ali, sem grandes projetos que o possam identificar com a mesma verve do início da sua carreira. Talvez até por isso tenha anunciado a aposentadoria da política, em fins do ano passado, quando decidiu por não se candidatar a novo mandato.

Acontece que, com a designação de Beto Albuquerque para a doma da Marina Silva, na condição de candidato a vice-presidente, o PMDB e sua conjunção de aliados correram para convencer o Simon a renunciar a aposentadoria e candidatar-se a novo mandato. 

 
Provavelmente será reeleito. Mas, é de se perguntar o que fará um senador, já com 85 para mais oito anos de ostracismo, de folclores e de conselhos. 

 
Tudo uma questão de conveniência de todas as partes, inclusive do próprio senador que provavelmente não saberia o que fazer fora do Congresso, depois de uma vida tão longeva ali dentro.