A inauguração da legislatura protagonizou dois momentos, um no Senado, outro na Câmara, de pungente dramaticidade, com aqueles homens e mulheres repetindo um “Assim o prometo...”, braço em riste, como nos tempos do “Heil Mein Fürher!” A promessa logo será esquecida e serão todos triturados pela engrenagem costumeira de adesismo tradicional ao cabrestismo partidário, às traições, às conspirações que tanto caracterizam o subtraendo moral da República.
No caso do Senado, deu mais uma inexplicável vez o Renan. Ou melhor, reinaugurou-se ou se fortaleceu a dinastia Calheiros, em substituição à antecessora Sarney, no raciocínio perfeito do rei morto, rei posto. Apesar de a sua vida pregressa o desindicar, assume pela quarta vez a presidência da Casa, desta feita com a ajuda determinante do “gêmeo” PT e especialmente do Planalto, que fala de ética mas não a pratica. Não foi uma vitória retumbante como de outras ocasiões. A redução da diferença percentual de votos aponta para uma conta do chá e assinala que gradativamente os tempos estão mudando. De qualquer forma, a dívida de gratidão resulta instituída e a fatura palaciana será apresentada oportunamente.
Vozes mais ponderadas do meio não escondem o receio de que o desenvolvimento da Operação Lava Jato possa alcançar no momento seguinte determinadas cabeças coroadas, de forma a dinamitar de vez todas as pontes que ainda precariamente ligam o Legislativo, ou parte dele, e a possibilidade de se retomar a sensação de legalidade, de moralidade e de justiça que, no momento, desabitam o país. Não se dirá que não houve tempo ou indícios de informação para as substituições de nomes teoricamente suspeitos.Já na Câmara, onde residia os maiores temores da Situação, baldaram os esforços palacianos de turbinar a candidatura do seu representante que, nas circunstâncias de então, com o uso da máquina, sofreu uma derrota avassaladora.
Daí que a investidura de um desafeto do Planalto na presidência da Casa, e de outros seus seguidores na composição do restante da Mesa – na qual o PT não terá assento – implicará declaração de guerra sem trincheiras nos próximos 2 anos, ainda que todos se apressem em negar.
Isso porque, dentre outras circunstâncias, sendo o presidente o construtor da pauta, parece difícil que, olhando o retrovisor da campanha, deixará de apontar assuntos nevrálgicos para a discussão plenária, ou mesmo barrará, por exemplo, as CPIs que se anunciam por aí, como Petrobrás, Elétricas, Bancos Oficiais e o que mais surgir.
O que mais chama a atenção do respeitável público é que apesar da gravidade do momento do país e de suas instituições, os “atores” dessa teatralidade canhestra ante as câmaras e os holofotes não perdem as poses com os seus discursos afiados, e ainda fazendo selfies ridículos, mesmo que internamente muitos estejam com “o coisa” na mão.
Mas, tem razão o "brilhante" deputado Tiririca quando conclui em uma frase perolar que o circo é mais organizado.
Como a conta sempre sobra pros mesmos, paguemos pra ver.

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