QUE ONDA...
Programa "Jovem Guarda", que definiu a juventude no Brasil, faz 50 anos neste sábado
Roberto, Erasmo e Wanderléa comandavam a atração aos domingos na Tv Record, com convidados que influenciaram muitas gerações
Foto: TV Globo / Divulgação
Todo domingo à tarde era igual: a mãe lavava a louça, a criançada brincava na rua, o pai assistia ao futebol na TV e quem não era uma coisa nem outra estava às voltas com os outros de sua idade, respeitosamente trocando olhares em frente aos portões das casas. Até que um domingo, 22 de agosto de 1965, não teve futebol e, então, tudo mudou. Entrava no ar o primeiro programa feito para jovens da televisão brasileira: Jovem Guarda. Que onda.
– A Jovem Guarda é a beatlemania no Brasil, né? – define Marcelo Fróes, autor do livro Jovem Guarda – Em Ritmo de Aventura, que conta muitas das histórias daquele que foi o movimento definidor da cultura adolescente no Brasil.
Por
um desentendimento entre a TV Record e as entidades responsáveis pelos
campeonatos de futebol em São Paulo, a emissora foi proibida de
transmitir as partidas e, com um buraco na programação, enxergou naquela
gurizada – que já começava a levantar do banquinho e a soltar o violão
(e os quadris) – uma grande oportunidade de negócio.
– O
alto-astral era a grande moeda. Antes, tinha o samba-canção, músicas
mais tristes. O único momento feliz na canção era no Carnaval. Fora
isso, era a música romântica. Mas a Jovem Guarda trouxe um elemento de
frescor e, pela primeira vez, o público jovem foi impelido a consumir –
explica Fróes.
Que onda
Mais que apenas a música, a "Jovem Guarda" também influenciou moda e comportamento
Programa que lançou o movimento completa 50 anos neste sábado
Propaganda da linha de moda Calhambeque publicada na revista TV Sul de janeiro de 1966
Foto:
reprodução / TV Sul
E essa fivela, broto?Botinha sem meia,
cabelo na testa, carro vermelho. Para ser “o bom” depois de 1965, só
prestando muita atenção no figurino e nas atitudes dos ídolos da Jovem
Guarda. A febre era tanta que as Lojas Renner lançaram na época uma
coleção inspirada na turma de Roberto Carlos chamada, claro,
Calhambeque, da qual a estrela maior era uma fivela de metal com a
imagem do veículo gravada. Das lojas de grife às roupas feitas pela mãe
ou a vizinha costureira, tudo estava no ritmo do iê-iê-iê.
– Por tudo você via, era uma mania muito forte – lembra o radialista Clovis Dias Costa.
É uma brasa, mora?
“Era meio que um ‘cachinho’ do Roberto, não sei se teve ou não teve relação com ele.” Assim o músico Frank Jorge descreve a cantora Martinha no final da entrevista. Ainda que jovem demais para ter sido influenciado diretamente pelo programa enquanto ele estava no ar – o músico nasceu no ano seguinte ao lançamento –, a forte ligação afetiva com o estilo, por influência de parentes e amigos mais velhos, o fez absorver ao vocabulário várias das expressões pitorescas de Roberto e seus brasinhas.
– Uso muito “supimpa”, “crocante”. Tem umas gírias muito boas – conta ele.
Outras expressões de Roberto e sua turma caíram na boca do povo: dos clássicos “broto” e “uma brasa, mora?” até brucutu – originalmente uma peça de carro.
Documentário vem aí
Essa história vai ser contada mais uma vez em forma de documentário. O inédito Jovem aos 50 – A História de Meio Século da Jovem Guarda, de Sergio Baldassarini Junior, terá exibição nos cinemas e na TV a cabo em breve.
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Grande evento
– Por tudo você via, era uma mania muito forte – lembra o radialista Clovis Dias Costa.
É uma brasa, mora?
“Era meio que um ‘cachinho’ do Roberto, não sei se teve ou não teve relação com ele.” Assim o músico Frank Jorge descreve a cantora Martinha no final da entrevista. Ainda que jovem demais para ter sido influenciado diretamente pelo programa enquanto ele estava no ar – o músico nasceu no ano seguinte ao lançamento –, a forte ligação afetiva com o estilo, por influência de parentes e amigos mais velhos, o fez absorver ao vocabulário várias das expressões pitorescas de Roberto e seus brasinhas.
– Uso muito “supimpa”, “crocante”. Tem umas gírias muito boas – conta ele.
Outras expressões de Roberto e sua turma caíram na boca do povo: dos clássicos “broto” e “uma brasa, mora?” até brucutu – originalmente uma peça de carro.
Documentário vem aí
Essa história vai ser contada mais uma vez em forma de documentário. O inédito Jovem aos 50 – A História de Meio Século da Jovem Guarda, de Sergio Baldassarini Junior, terá exibição nos cinemas e na TV a cabo em breve.
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Grande evento
De 24 a 27 de setembro, em Brasília, um grande evento com shows de Wanderléa, Renato e Seus Blue Caps, Jerry Adriani e outros figurões vai celebrar o cinquentenário do movimento. Além das apresentações, o público também poderá assistir a encontros e debates com artistas e especialistas, falando de suas carreiras e histórias. Confira mais informações no site ingressomais.com.br.
Reedições
Marcelo Fróes, do selo Discobertas, sempre dedicou muita energia aos artistas da Jovem Guarda e que beberam dessa fonte. Uma delas é Vanusa, cuja obra foi imensamente influenciada pelos sons da época e foi reeditada neste mês.
Para ler
O livro Jovem Guarda – Em Ritmo de Aventura, que já teve três edições desde seu lançamento há 15 anos, será reeditado pela Sonora e estará nas lojas ainda em 2015.
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