SEMANA DECISIVA: "SE CORRER O BICHO PEGA, SE FICAR PEGA DO MESMO JEITO..." POR LUIZ SAUL

Bom, a turma do Planalto tem a esperança de que a dilma sobreviva a esta semana que tem a aparência de semana do fim do mundo. Se a madama passar incólume por esse aziago, poder-se-á concluir que a moça tem fôlego e vida de sete gatos. 

Eu explico, um: ela prometeu realizar a reforma ministerial até a próxima quarta-feira, valendo dizer que irá despejar alguns inquilinos “aliados” de cadeiras de status, sem a perspectiva de reaproveitamento em outras funções, ora porque não existem, ora porque não há dinheiro para cumprir os salários e as mordomias implícitas.

Eu explico, dois: encontram-se nas mesas do Congresso em condições de serem votados também nesta semana os vetos impostos pela presidente a medidas impactantes do interesse imediato de parte da sociedade, os quais, sendo aprovados, jogarão a massa contra os políticos e contra a madama. Mas, sendo derrubados resultarão em despesas insuportáveis para o Tesouro Nacional. Os vetos mais importantes referem-se explosivamente ao aumento do Judiciário concedido pelo Legislativo, ao fator previdenciário que atinge os futuros aposentandos, e às modificações nos critérios para a concessão de aposentadorias que atingem a todos os trabalhadores.

Sem entrar no mérito do melindre de cada assunto, mas me restringindo apenas às relações do Executivo com o Congresso e com os trabalhadores, tem-se que falta, no mínimo, uma visão estratégica dos pensadores do Planalto, ao permitirem a coincidência de esses assuntos caminharem de mãos dadas na mesma semana. Fica claro que, ou a dilma não ouve ninguém, ou o seu departamento de inteligência encontra-se em férias.

Em qualquer das situações está morta a possibilidade de uma saída honrosa. Primeiro, porque fatalmente desagradará os aliados na eliminação de ministérios ou secretarias, ainda que, como se comenta, ofereça uma boa e nova fatia de poder ao seu “aliado” PMDB. Como se sabe, na política brasileira não há a possibilidade e nem a consciência da entrega de espaço, mesmo em nome da salvação da pátria. Desse modo, as demais legendas acaso alijadas assestarão as suas bazucas contra as muradas da presidente. Além do quê, não é certo que o próprio PMDB concordará com o eventual novo quinhão, ou mesmo se nele estará interessado neste final de expediente. 

Em segundo lugar, o funcionalismo do Judiciário que se encontra em greve desde o veto provavelmente intensificará o seu movimento na hipótese de o Congresso confirmar a decisão da dilma. Na questão do fator previdenciário, que foi uma bandeira oportunista do Aécio, na campanha, baterá de frente com movimentos tradicionalmente aliados e submissos ao PT, mas que agora necessitando de reforçar a plataforma populista, não concordará com o partido da presidente nem que a vaca tussa. Tudo o mundo de olho nas eleições municipais de 2016. E ainda tem a proposta de alteração dos prazos para a implementação das aposentadorias, com a base lógica na constatação da longevidade dos brasileiros.

Junte-se a tudo isso a tocaia das hienas convertidas e rezadoras instaladas nas galerias, em contritas orações pelo desfecho de uma carnificina política capaz de lhes deixar algum despojo de carniça. 

Insisto que, sem entrar no mérito das questões da semana, o fato é que a dilma se encontra em um beco sem saída, e que se houvesse algum bom senso por ali, a agenda seria revista para determinar um desdobramento em condições de espalhar a crise no tempo e no espaço. 

Se correr o bicho pega e se ficar o bicho pega do mesmo jeito.

Por Luiz Saul Pereira