Ah, o tempo! Olho a lua cheia lá no alto. A gente passa pelo tempo, e ele permanece interminável, o sol nasce e se põe, as estações se sucedem, num fluxo sem fim. É a vida. Nunca pensara na morte, ela sempre acontecia bem longe de mim. Mas este ano... Em fevereiro, perdi meu pai. Quanta saudade! Não há um só dia que ele não me venha à mente. Papai está vivo em meus pensamentos. Uma semana depois, foi seu Mesquita quem morreu. Em agosto, meu amigo Schneider se foi precocemente. Meia dezoito – era esse o seu número – entramos juntos no Colégio Militar do Recife, às margens do Capibaribe, em 1976. Quantas lembranças... Em seguida, foi seu Genésio. Famosos também desembarcaram do trem: Jorge Loredo, Cláudio Marzo, Cristiano Araújo, Betty Lago, Miele, Yoná Magalhães, dentre outros. Sou um pouco supersticioso, com a morte rondando, fiquei até com medo quando minha irmã teve que fazer uma pequena cirurgia e eu próprio tive que extrair um dente.
Pois bem, isso tudo não bastasse, agora, no início de outubro, foi a vez do meu amigo Marco Juno Flores partir. O Brasil perde um grande escritor. Um homem de talento, mas antes de tudo um homem generoso, conciliador. Um “cabra bom”, no linguajar sertanejo. Ainda há pouco folheava o seu livro “O Cais da rua da frente”, quanta vida há ali. O bom é que os momentos ficaram registrados – a gente pode vivê-los novamente em cada leitura.
No quintal, eu, hipnotizado, ainda contemplava o céu. Tudo escuro, apenas a lua clareava o telhado da casa. Nenhum barulho, somente o ruído das folhas balançando ao vento. Conversava com Deus. Pensava no grande vazio, na imensidão do universo... Mas qual o sentido de nossa existência? Pra onde vamos? Pra que serve tudo isso? Que somos nós?
Senti-me pequenininho diante Dele...
Senti-me pequenininho diante Dele...
O senhor Ednaldo Bezerra parece que estava meio desaparecido ultimamente deste jornal, mas retornou agora. Que bom, costumo ler seus contos...e gosto.
ResponderExcluirELE ESTÁ DE VOLTA!!!
ResponderExcluirParabéns ao escritor pela sensibilidade demonstrada nos seus textos, a maioria passagens que vivenciou.
ResponderExcluirParabéns meu querido amigo!
ResponderExcluirParabéns ! Realmente lindo !
ResponderExcluirParabéns ao escritor EDNALDO BEZERRA pelo artigo "O Cais da Rua da Frente". No artigo, existem sábias reflexões escritas sobre a vida, onde é também citado o falecimento do seu venerado genitor e de outros amigos. Particularmente, entendo que na outra dimensão espiritual, existe um pai orgulhoso e feliz por ter um filho que, além de ser um excelente escritor narrativo, é dotado de uma invejável qualidade humana: a sensibilidade consciente. Um forte abraço.
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