quarta-feira, 9 de março de 2016

VAI TE CATAR, GILBERTO CARVALHO! - POR LUIZ SAUL



Nos antigos tempos de seriedade seria improvável, talvez impossível a um homem comum, pela circunstância de haver pertencido a um condomínio em desalinho, sentir-se poderoso para mandar um recado de desaforo e de pretensa intimidação a um Poder da República. Naqueles tempos reinava o império do respeito e do comedimento em condições de reprovar a sem cerimônia e o despudor ainda na fonte. 

Nos dias de hoje, desprezando a autocrítica que tanto e tão bem glorifica a sensatez, o ex quase poderoso Gilberto Carvalho (aquele mesmo que, ministro, recebia em tapetes palacianos o MST para um cafezinho, depois da baderna e da depredação) decidiu “advertir” que o Juiz Moro estaria brincando com fogo, acaso decidisse pela prisão do Lula.

É de se imaginar que o Judiciário esteja atento a esse inaudito tipo de ameaça, especialmente porque o seu conceito será reverberado nas ruas nos próximos momentos, como a disseminar a afronta entre os fanáticos, os quais, de tão fanáticos, sonham em ter também nove dedos. O recado do Carvalho constitui uma nem tão velada apologia à violência que certamente não passará ao largo da avaliação de quem de direito.

O culto à personalidade do Lula, um indivíduo suspeito e investigado por uma penca de crimes, aproxima-se da idolatria que contaminou também outras tantas pessoas, inclusive a dilma rousseff, a qual, no desmazelo de tão alta investidura e na renúncia à prudência, além da visita particular ao suspeito usando o aparato oficial, vem insistindo em reforçar o que considera um abuso de poder do Judiciário, no caso da condução coercitiva. Uma coisa é a solidariedade partidária, filosófica ou ideológica; outra coisa é colocar a Instituição a serviço ou à disposição de eventualidades arbitrárias para o uso dos bens públicos, em um confronto aberto com outro Poder.

Apesar dessa explícita iniciativa de prevaricação que já está sendo cobrada no Congresso e que sugere o fim da “missão”, fica claro que o Gilberto Carvalho, ao mandar o seu “recado de advertência” ao Judiciário, sente-se ainda inalcançável pelas malhas da Lei, e muito à vontade para seguir o exemplo da chefa em defesa do Chefe. 

A sorte é que a esperança que ainda embala a sociedade reside no destemor dos investigadores e no juiz que seguem na avaliação dos procedimentos com base na Lei, independentemente do prestígio, dos títulos ou de qualquer outra circunstância acaso positiva e nobiliárquica que distinga o criminoso.
Vai te catar, Gilberto Carvalho!



 Por: Luiz Saul Pereira
         De Brasília - DF

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