Não adianta torcer para um lado ou para outro em situações em que o
resultado pode não estar submetido a uma coerência lógica, ou quando a
condição humana, até por essa condição, não se subordina a regras da
sensatez ou não se hospeda em teses científicas com a consequente
garantia de conclusão unificada.
Pior ainda se as discussões estão nas bocas e nos cérebros de uma assembleia mais assemelhada a colegiais indisciplinados, bagunceiros e de primeira turma – muitos dos quais com a biografa maculada em maior ou menor escala – avaliando a atuação do juiz de futebol, com cada participante se considerando um pretor da Roma Antiga, mas expondo ao mesmo tempo a carência intelectual e a incompetência profissional para tratar do assunto. Basta assistir a uma reunião na Esplanada, qualquer uma, aonde uns falam, outros riem, alguns dormem e outros contam piadas comendo biscoitos e teclando o celular! Falta um mínimo de ritualística e solenidade em cada qual.
A algazarra do momento trata das crises econômica e política (mais desta) em que equivocadamente se fala de uma divisão do país que não se confirma, especialmente à vista da desproporcionalidade das manifestações. O tribunal das ruas até que mostra alguma visão da percepção da sociedade; mas, se, de alguma forma, retrata o pensamento de uma maioria, pode não se refletir nos plenários do Congresso.
A galvanização política que atualmente se observa em razoável parte da sociedade tem lá o seu quê de tolice e de cegueira na medida em que as falanges de lá e de cá, ao invés de adotarem uma reflexão realmente avaliativa sobre o efetivo estado físico, financeiro, macroeconômico e organizativo do país, preferem as paliçadas para a defesa de posições e de pessoas, muitas das quais não se sustentam em parâmetros de moralidade, não importando o partido a que pertençam.
A tolice, como percebo, está na constatação de que qualquer comparação da equipe da dilma/Lula com a do Temer termina em empate. O mesmo resultado dar-se-á no confronto da mesma dilma/Lula com o time do Aécio, dando no mesmo o eventual confronto entre Temer e Aécio. Não há alternativa nem milagre que não seja a conscientização e a educação política do eleitor com o voto e com uma ação permanente de fiscalização e cobrança.
Daí ser possível concordar com a exclamação do ministro Barroso, do STF, o qual, olhando com perplexidade a fotografia do momento do desembarque do PMDB não se conteve, e, não sabendo que estava sendo gravado, tascou: “Meu Deus! Essa é a nossa alternativa de poder! ”
É importante consignar que no alvoroço ora estabelecido tudo pode acontecer, desde que não seja o empate. Ponderando as forças das canetas e das negociatas contra o vozerio das ruas e o esganiçar dos plenários tanto pode ocorrer o impeachment quanto a liberação da dilma/Lula para o cumprimento do mandato, enquanto se aguardará a nova denúncia patrocinada pela OAB, isso significando que não se vai ter paz por aqui, e, pior que isso, o país seguirá paradaço.
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