quinta-feira, 30 de junho de 2016

"TUDO SE AJUSTA QUANDO A MODERAÇÃO SE AUSENTA..." - POR LUIZ SAUL


Se, por acaso, nesta segunda feira aterrissasse um OVNI por aqui, sua desavisada tripulação poderia concluir que o planeta é uma bola, que tudo é futebol e que tudo está em paz, quando olhasse para a Eurocopa, para a Copa América e para as séries de A a Z do Campeonato Brasileiro.


Vencido o ledo engano, descobriria que, nada a ver com futebol, no Velho Mundo, a Inglaterra dinamitando a União Europeia e se arrependendo; o Trump, no Novo Mundo, detonando a fraternidade; e no Brasil, bom, no Brasil, um país no mesmo curso da pulverulência dos últimos meses.

A novidade da semana poderia ser a descoberta do golpe dos 70 centavos patrocinado, segundo as investigações, pela turma do maridão Paulo Bernardo. Tão engenhoso quanto ingênuo e imperceptível o crime consistia em retirar “apenas” 1 Real por mês de cada portador de empréstimo consignado. Gradativamente recolhido ao longo de 5 anos, a moedinha compôs um roubo de R$100 milhões, fraternalmente compartilhados segundo os percentuais negociados entre os malfeitores.

É razoável aceitar que esse novo achado criminal possa exercer alguma influência sobre a ação de impeachment, uma vez que a maridona do Paulo, a senadora Gleisi Hoffmann integra a tropa de choque da ex-presidente, e que, constrangida, poderá inibir-se na dramaturgia que tem caracterizado a sua atuação naquele picadeiro. 

De notar que, já que estamos em um país sem medidas éticas, a mesma tropa de choque comandada pelo Lindberg/Grazziotin emitiu nota de repúdio à prisão do criminoso, e de solidariedade familiar. Tudo se ajusta quando a moderação se ausenta. Por isso, ninguém se manifesta sobre as “contribuições” criminosamente retiradas dos mutuários consignados. 

Com a extravagância e o exotismo instalados, o país assiste a situações singulares, como seja o Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, perdendo as estribeiras e a noção dos limites, pedir a prisão de um bocado de gente da política, com razão, mas sem provas suficientes para garantir o sucesso. E, do outro lado, um dos seus inimigos naturais, o senador Renan Calheiros, posar de estadista relativizando os pedidos de impeachment ingressados no Senado Federal contra o mesmo Janot, quando, se pudesse, beberia o seu sangue de canudinho direto na jugular.

Os rumos da Pátria Desolada estão de tal forma desordenados que o outro interino, o Maranhão do Maranhão, segue medindo e desmedindo as medidas de forma a garantir a “melhor” insegurança administrativa e institucional, como esta última decretação de feriado junino, logo em seguida (des) decretada. Parece muita cachaça para tão pouca república. Por essas e outras não é à toa que o titular afastado do cargo, o Cunha, continua fazendo gato e sapato das leis e das instituições para se manter senão no cargo pelo menos na cena. 

A única particularidade com ares positivos que a tripulação daquele suposto OVNI poderá encontrar por aqui neste momento será a firmeza do projeto de cunho popular encabeçado pelo Ministério Público pela aprovação das 10 Medidas Contra a Corrupção. Por si só, a circunstância de haver sido encaminhado por iniciativa dos condutores da Operação Lava Jato, com o apoio de mais de 2 milhões de assinaturas do populacho recém acordado, a proposta afigura-se suficiente para ensaiar um tipo de reforma que os políticos vêm negando à população nacional.

Quando discursou no Congresso a respeito da proposta em questão, o Procurador da República Deltan Dallagnol comparou a corrupção que vem combatendo a um serial killer. A definição é perfeita, mormente quando adaptamos o seu, digamos funcionamento ao roubo de pobres aposentados reféns de empréstimos consignados, para a construção de fundos de eleição/reeleição da maridona.



Por: Luiz Saul Pereira
        Brasília - DF

Um comentário:

  1. Simplesmente canalhice. Nenhuma palavra sobre Cunha e seu sócio Temer. A quadrilha que deu o golpe da Dilma ( goste dela ou não ) é formada de "santos". Façam mil favores,hipócritas.

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