domingo, 7 de agosto de 2016

A FEIRA DE TRIUNFO - POR ANTÔNIO TIMÓTEO SOBRINHO


Antônio Timóteo Sobrinho (junho de 2016)
Com a inauguração do novo mercado muito tem se falado sobre a feira, ou melhor, sobre a reorganização e ampliação da feira de Triunfo.
É preciso entender que a modalidade de comércio praticado na feira é a modalidade mais espontânea e natural que existe e, sempre existiu, desde as primitivas feiras praticadas nos mercados orientais.
Antes que existissem as bodegas, as mercearias, as galerias e os shoppings, existiram as feiras como lugar de comércio, lugar de trocas, lugar de vendas e de compras. A feira é um lugar de encontro entre os que produzem e querem transformar seus produtos em valor com os que dispõem do valor e tem necessidades a suprir com suas aquisições.
A feira de Triunfo diminuiu de tamanho pela redução da população rural. Até a década dos setenta a população rural do município chegava a 80% da população total, hoje é a parcela rural inferior a 20%. Todas as cidades do interior de Pernambuco incharam com o fenômeno migratório da zona rural para a zona urbana, sem o devido planejamento e adequação para ocupação devida para os moradores urbanos. A produção rural de Triunfo era abundante e diversificada. Havia uma farta e diversificada produção de frutas. A produção de goiaba e banana era destinada às fábricas de Flores, Custódia e Pesqueira. A produção de manga, abacate, jaca, laranja, pinha dentre outras espécies supria o consumo da cidade de Triunfo e das cidades circunvizinhas. No dia da feira, dois ou três caminhões completavam suas carradas de “mangaio” ou mangalho (frutas embaladas em caixotes) e se ou mangalho (frutas embaladas em caixotes) e se destinavam aos municípios vizinhos. O ponto para comercializar estes produtos procedentes da zona rural era a feira semanal. Além das frutas, a macaxeira, a goma de mandioca e a massa puba, a rapadura, a batida e o mel de engenho,  as galinhas de capoeira e os ovos destas, além dos porcos, bodes,  gado e animais de montaria estavam em exposição à venda na feira do sábado, em Triunfo.
 Complementando o rol, quem apurava seus produtos precisava se abastecer para suprir suas necessidades: compravam-se, além dos víveres não disponíveis da lavra, ferragens (ferramentas como enxadas, foices e outras), arreios, cordas, cangalhas, utensílios de cerâmica como panelas, potes. Um produto muito essencial para os moradores da zona rural era o querosene para iluminação e os candeeiros de vidro ou de lata.  Satisfeitas as necessidades primárias, procuravam-se adquirir os supérfluos: cocadas e outros doces, pães e biscoitos, sabonetes e perfumes, adornos para a casa, espelhos e quadros (de santos), brinquedos para as crianças. Não raro, sobravam uns níqueis para adquirir um verso (literatura de cordel), cuja leitura reunia a família e preenchia o tempo de descanso depois do jantar, até a hora da dormida, durante a semana. O exemplar em mãos, depois de lido, podia ser emprestado aos vizinhos, geralmente em troca de um título não adquirido.
Hoje, os costumes são outros. Já não há produção rural: a assistência social pública supre as necessidades. Por que residir no mato se se dispõe de renda para morar na cidade, junto da escola dos netos, da igreja universal, do posto de saúde e da farmácia, do emprego da filha e do banco para receber a mesada. Por que se deslocar para a feira, se o supermercado tem de tudo: o galeto, o ovo, o leite em pó, o pão quente, o feijão, a farinha, fubá e o tempero; e fica situado aqui pertinho? Inclusive quem, ainda, reside no mato (zona rural) se abastece no supermercado e já não usa o cavalo para os deslocamentos, usa a moto que é um meio mais prático e mais veloz. Feira? Para vender o que, e a quem?
Uma nova modalidade de feira ou de mercado público a céu aberto, é possível de ser  vislumbrada para Triunfo. Poderia ser denominada a feira do turista. Nesse espaço, poderiam ser expostos à venda, os produtos típicos do lugar, por exemplo: frutas típicas in natura em pequenas embalagens próprias para uso doméstico e para serem  transportadas pelos compradores ou na forma de compotas, licores e doces em barras; rapaduras em vários sabores devidamente embaladas em palha de bananeira e papel madeira ou papel aluminizado; caldo de cana com bolo de bacia e pão doce, além de outras iguarias da culinária local,  por exemplo, mungunzá salgado tapiocas, bolos de puba, bolo de caco ; artesanatos em tecido, em madeira, ou em chapas metálicas, pinturas e esculturas; brinquedos artesanais como pinhões de ponteira, pipas ou papagaios,  carros de tábua e ou de flandres, máscaras e relhos dos caretas; e outras invencionices próprias da criatividade humana.
Essa feira seria mais uma ocupação para o turista e, simultaneamente, uma forma de renda para o triunfense criativo.

5 comentários:

  1. José Ricardo de Souza10 de agosto de 2016 às 19:11

    Valeu o escrito detalhado e inteligente do senhor Antonio Timóteo Sobrinho. Parabéns!

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  2. GOSTEI DA DECISÃO DO DR. ANTONIO TIMÓTEO. DEMONSTRA SER UM GRANDE TRIUNFENSE.

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  3. Ele foi secretário da agricultura aqui no tempo de seu Nêgo Bonfim , por que não colocou em prática essas ideias?

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    Respostas
    1. São passados 23 anos. A feira era outra. Triunfo era outro.

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  4. João Carlos Ferreira18 de agosto de 2016 às 10:36

    O município carece é de gente que goste de gente e não pessoas viciadas em não trabalhar e se dar bem que desejam dar mais um golpe na vida.

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