quinta-feira, 18 de agosto de 2016

DILMA ENTRARA PARA HISTÓRIA PELA VIA DO IMPEACHMENT, NÃO TEM OUTRA! - POR LUIZ SAUL



Já com ares de passado, a ex-presidente protagonizou no mesmo dia a coincidência funérea entre a sua carta política aos senadores e a aceitação, pelo STF, do pedido de investigação de si, do Lula e de ex-colaboradores por obstrução da Justiça. Pode significar que, doravante, designará também o Supremo e seus ministros como agentes do golpismo contra o seu mandato. 


No texto de formulação certamente assistida, apresentou a novidade tardia de, pela primeira vez, assentir erros em sua gestão, ao tempo em que pede nova oportunidade em busca da reabilitação. A súplica pela chance fala também de um plesbicito em que o populacho agora identificado como o “povo brasileiro” sobre reforma política e novas eleições presidenciais. Releva notar que apesar de toda a contrição da ex-presidente na defesa dos conceitos de inocência, o seu partido, o PT, desaprovava a carta, e, no momento da sua leitura, o presidente da sigla sequer compareceu ao ato. 



Todos os sinais apontam (e ela sabe disso) para o fim do seu mandato pela via do impeachment. A sua intenção, como parte da imprensa especula, é entrar para a História pela via epistolar, como fez o Getúlio em outro agosto. Mas, não há chance para isso porque o tempo, as circunstâncias e as motivações são crucialmente diferentes entre os episódios. 

Só para falar da hipótese, tem-se que a eventualidade de novas eleições fora de época não dependeria de um ato de vontade da presidente. Transitaria por uma proposta de emenda à Constituição que não parece uma simplificação. Na mesma linha, a reforma política também não derivaria de um ato discricional da mandatária. E, por fim, se, por um lado, a suplicante já não merece a confiança indispensável, por outro, se fosse tudo verdade, a burocracia consumiria o resto do mandato sem qualquer acontecimento no particular.

Parece correto afirmar que a ex-presidente jamais viveu a própria contemporaneidade do pensamento e das ações. O texto da sua carta desfila um tipo de mundo irreal assumido pela a antiga presidente. Além de negar o crime de responsabilidade apurado pelo Congresso, ela não percebe que apesar de todo o rebuliço nacional na área política e criminal, as instituições estão funcionando na mais perfeita normalidade. Aliás, é possível até concluir que somente esse tipo de normalidade evitou até aqui uma sublevação. Não há, portanto, de se cogitar do Estado Nacional de Direito a que se referiu, como se a nacional estivesse convulsionada e à beira do descontrole. 

Depois da autorização da retomada das investigações, feita pelo Ministro Teori, a suplicante missivista caminha agora para a condição de ré, e também para um impedimento político por 8 anos, e, no fim do túnel das expectativas, para um encontro com a República de Curitiba.

A chamada elite política dos últimos mandatos pode se reencontrar na cadeia.



Por: Luiz Saul Pereira 
        Brasília - DF

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