terça-feira, 16 de agosto de 2016

MULHERES TERÃO PAPEL DECISIVO NAS ELEIÇÕES


O Brasil passa por um momento de mudança. Com o debate sobre papel da mulher na sociedade em pauta, coletivos feministas têm ganhado espaço e denúncias de abusos passaram a ser mais frequentes. Indignadas, elas têm espalhado campanhas pelas redes sociais e protestos pelas ruas. De acordo com especialistas ouvidos pelo O POVO, acompanhando a tendência, as eleições 2016 deverão ser um salto na participação das mulheres na política brasileira.
Mesmo com a Lei de Cotas que obriga os partidos a terem pelo menos 30% de candidaturas femininas ao parlamento, o País ainda ocupa a 124ª posição de 145 países em participação feminina na política, atrás do Afeganistão e Iraque.

A socióloga e especialista em pesquisa de opinião, Fátima Jordão, afirma que em um clima de moralização da política é favorável às candidatas. “As mulheres são vistas pelo público como menos propensas à corrupção”, diz. “Elas têm mais credibilidade na imagem. Isso deverá ser uma das vantagens da campanha neste ano”. Contudo, Fátima destaca que o ambiente partidário ainda é hostil às mulheres, por serem dominados por homens.


Para a pesquisadora Adriana Vale Mota, do Instituto Brasileiro de Administração Municipal (Ibam), o crescimento da participação feminina na política tem sido tímido, mas consistente. “Sem dúvida, muitas delas começam pelas campanhas municipais. Acredito que este ano haverá crescimento”.


No entanto, o cientista político da Universidade de Brasília (UnB), Luis Felipe Miguel, diz que legislação é apenas parte da solução. Ainda falta criar mecanismos que facilitem a vida da mulher inserida na política. Ele diz que muitas delas têm poucas ambições políticas por causa dos outros papéis que assumem.


“Elas preferem cargos que fiquem próximas da entidade familiar”, avalia. Ele admite que mais da metade das mulheres não tem interesse em seguir carreira política. Muitas delas ingressam em campanhas por influência de pais ou cônjuges.

Nordeste lidera

No Nordeste, mulheres estão mais presentes nos cargos eletivos. Dados do Ibope apontam que 44% das prefeitas eleitas em 2012 são da região, que representa menos de um terço do eleitorado nacional. “Elas também são mais pessimistas e críticas que os homens. E mais cautelosas na hora de votar. A maioria decide de última hora, após fazer análise dos candidatos. Portanto, elas têm o poder de mudar o resultado”, afirma a diretora-executiva do Ibope Inteligência, Márcia Cavallari.


A presidente nacional do PSDB mulher, Solange Jurema, diz que apesar de as conquistas serem vagarosas, elas são perceptíveis. “Investimos muito na preparação e formação das mulheres. Não sei se sou uma otimista, mas acho que o debate está em ascensão e teremos, sim, mais eleitas neste ano”.


“As mulheres representam quase metade da força de trabalho, muitas são chefes de família. Também são mais escolarizadas que os homens. É natural que queiram mais participação”, afirma Jacira Melo do Instituto Patrícia Galvão. O tema foi debatido no seminário Desafio para a Igualdade de Gênero nas Eleições Municipais 2016, do Instituto Patrícia Galvão em São Paulo.
 Saiba mais 
Em todo o continente americano, o Brasil perde na participação feminina no Parlamento para quase todos os países, empata com o Panamá e está à frente apenas do Haiti e Belize.

O atual ritmo de crescimento da participação da mulher na política brasileira ainda é tão tímido que, segundo especialistas, serão necessários 150 anos para atingir a equidade entre gêneros.

Cargos como prefeita, governadora e presidenta, portanto, não estão incluídos na Lei de Cotas, que também prevê investimento do fundo partidário nas mulheres. A lei vale apenas para votações para o Legislativo.

Fortaleza é destaque no tema: O Município foi a primeira capital de estado brasileiro a eleger uma mulher como prefeita, com a vitória de Maria Luiza Fontenele em 1985. 


*A repórter viajou a São Paulo a convite do Instituto Patrícia Galvão. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Caro leitor, seja educado em seu comentário. O Blog Opinião reserva-se o direito de não publicar comentários de conteúdo difamatório e ofensivo, como também os que contenham palavras de baixo calão. Solicitamos a gentileza de colocarem o nome e sobrenome mesmo quando escolherem a opção anônimo. Pedimos respeito pela opinião alheia, mesmo que não concordemos com tudo que se diz.
Agradecemos a sua participação!

NOSSOS LEITORES PELO MUNDO!