O populacho precisa aprender a interpretar as tramas burlescas que costumam se desenvolver na vida nacional.
Tome-se, por exemplo, a iniciativa daquela ex-primeira dama de ingressar em Juízo contra a Construtora OAS, outrora aliada ou cúmplice (dependendo da janela de observação) – exótica e paradoxal sucessora da Bancoop – intentando ressarcir-se do valor aproximado de R$300 mil que haveria pagado de prestações pela aquisição de unidade residencial também apelidado de tríplex, do Condomínio Solaris, no Guarujá (SP). No caso, a Cooperativa figura como litisconsorte.
Como durante todo o tempo das notícias, o tríplex foi veementemente negado como parte do patrimônio da família daquela ex-primeira dama, igualmente ao Sítio, o leigo necessita de organizar uma profunda engenharia mental para compreender a tese do ressarcimento ora patrocinada. Por outro lado, talvez as pessoas devessem evitar o atiçamento dos demônios com vara tão curta de “apenas” trezentos mil. Isso porque, a Construtora, ora em fase de delação, vendendo e entregando mães pela mitigação das inevitáveis sentenças, pode também desforrar-se na entrega dos parceiros palacianos. Sobram arroubos e faltam conselhos.
A plebe nacional deverá, também, recorrer a todas as habilidades mentais para compreender o novo raciocínio da dilma para confrontar a denúncia do casal Mônica/Santana, de Caixa 2 em sua campanha. Pega em mentira que aos poucos caminhava para se transformar em quase verdade, a afastada não sabia que na hora do aperto, do pega-pra-capar, as lealdades e amizades “inquebrantáveis” se liquefazem.
Daí que, dissolvida aquela lealdade, as explicações terão que se ajustar para a manutenção da mentira. Pouco a pouco esses ajustes estão direcionando as responsabilidade para o Partido dos Trabalhadores, o qual, não bastasse o extremoso desgaste da sua vinculação com a dilma, por obra etílica do Barba, passará a conviver com a avaliação adaptada de que o Caixa 2 constitui responsabilidade exclusiva do casal e do PT, e que a sua campanha administrada pelo Edinho foi limpa e sem pecado.
Como se jamais houvesse pertencido ao PT, a dilma sugere que as investigações se remetam ao casal Mônica/Santana e à Tesouraria do PT. Aqui, novamente, a madama parece não perceber quão curta é a sua vara e quão desesperados podem estar os demônios.
No caso da empreiteira, assim como as demais, somente uma coisa interessa, que é livrar-se dos óbices a que voltem e continuem contratando com os governos futuros, provavelmente com procedimentos moralmente aceitáveis.
Já com relação ao partido e aos partidários, tem-se que estiveram, estão ou estarão presos os últimos 3 tesoureiros da legenda, com o perfeito raciocínio de que la maison est tombé et pourtant rien à perdre.
Abandonados, mas com potencialidades atômicas, indivíduos como o Vaccari, o Delúbio, o Paulo Ferreira, todos ex-tesoureiros, e mesmo outros como o José Dirceu, em dado e crucial momento de desilusão ideológica, podem cansar o seu “heroísmo” e entregar o restante.
Não esquecendo também que nos subterrâneos dos subterrâneos o careca Marcos Valério, remanescente do mensalão, insiste em negociar sua delação premiada para falar da turma da época, no governo e na Petrobrás, onde a dilma era presidente do Conselho de Administração.
A hora é de tremer, ainda.
Por: Luiz Saul Pereira
Brasília - DF
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