segunda-feira, 5 de setembro de 2016

AGORA NÃO TEM MAIS INTERINIDADE, É AÍ TEMER? - POR LUIZ SAUL




Enquanto esteve protegido pela interinidade que justificava qualquer inação e recato respeitoso e conservador, o Temer podia posar. Aí, o “homem” proferiu o Juramento com as malas prontas para se postar em vitrine chinesa, com o Renan Calheiros – Le grand promoteur da insegurança jurídica que se instalou por aqui – a bordo, em uma estratégia que vai desde a afinação com o alagoano, passando pela aceitação das ruas que teima em renitir, uma pose de estadista, e até fazer uns negocinhos com os chineses que são mestres em prometer e não cumprir. No retorno para a posse efetiva encontrará as suas Medidas Provisórias em processo de invalidação por decurso de prazo, e sem tempo hábil ou forma constitucional de serem reeditadas nos mesmos termos. 


Ainda tem aquela versão afirmando que todos ficaram corados com a manobra engendrada para desrespeitar a Carta, e, por isso, resolveram tomar um fôlego nas antigas terras do também antigo Mao Tsé Tung. Os efeitos da imprevidência jurídica a serviço da patifaria política estão nas ruas, traduzidos pela utopia de um retorno improvável, pela ação subsidiada dos black blocks, mas, principalmente pelo convencimento dos demais corruptos de se abrigarem na mesma hipótese do fatiamento do desdobramento de suas inevitáveis penas. 

Agora, que já não pode esconder-se, tem um zum-zum-zum por aí sugerindo que o país será governado por um triunvirato formado por Temer, Renan e Maia (o filho), que, em tese, seria a única forma de encaminhar as propostas aos respectivos plenários para confrontar a oposição na tarefa de aprovar os projetos de revisão de algumas benesses ao trabalhador, no caso da Previdência, e de diletantes nepotismos para os de sempre. 

Peca, no entanto, a eventualidade desse triângulo de governabilidade o aspecto quebradiço dos seus vértices. Basta notar que (dando-se crédito às ameaçadoras ocorrências da República de Curitiba com a inevitável retomada da cantata de Léo Pinheiro), o Renan, por exemplo, assemelha-se àquele condenado posto em cima de um tamborete desequilibrado de duas e com a corda no pescoço. Na mesma linha de raciocínio, o Léo carrega enorme potencial detonar, além do Lula e daquela ex-presidente, praticamente todo o partido do Temer, do Renan, do Raupp, do Jucá, e de tantos outros que descerão nas corredeiras até a entrevisão da caldeira fumegante. Tudo parece ser uma questão de tempo. Mas, é certo que, conforme a tradição que tanto se repete, enquanto o Renan estiver ativo e operante, o Temer comerá na sua mão porque a fatura alagoana durará até 2018. Se o Temer ainda estiver na cadeira, é claro. 

Paralelamente à brecha que a impudência e a cupidez política criaram na concessão da meio anistia àquela que se apoderou do pódio da vitimização como muleta argumentativa, o Lula, ainda sem saber se será, ou não, hóspede do Moro e vizinho dos Vaccaris da vida, vem articulando a criação de uma chamada frente ampla, mediante a arregimentação dos demais e descartáveis partidecos de pretensa esquerda, com o objetivo de salvar o PT e voltar ao poder. Somente isso. Simples assim.

Nem todos conseguem perceber o maquiavelismo que ainda remanesce no ritus agonizante do Bhrama e a sua capacidade de iludir. Basta notar que, depois que a senadora Vanessa Grazziotin tanto se esgoelou na infecunda defesa daquela ex-presidente, o seu partido, o PCdoB, não chegou a merecer um gesto de contrapartida.

Quase imediatamente ao impeachment com fatiamento, o Barba foi à cidade Olinda (PE), onde a presidente nacional do PCdoB, Luciana Santos, é candidata à Prefeitura Municipal. Pois bem, ignorando o passado recente e as boas regras da retribuição, o Lula preferiu gravar mensagem em favor do candidato do PT. Houvesse sensibilidade, talvez coubesse até uma negociação para que os partidos se coligassem. Mas, foi muito melhor trair. 

Já no outro lado, o STF, embora todos por ali pareçam e até sejam comedidos, vai ser complicado pacificar as críticas e perdoar os aparentes conchavos.


Por: Luiz saul Pereira
        Brasília - DF

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