terça-feira, 22 de novembro de 2016

NÃO HÁ O QUE COMEMORAR, SÓ O QUE CONSTRANGER NA PÀTRIA ASSALTADA..POR LUIZ SAUL



Ao decidir pela prisão dos dois ex-governadores do Rio de Janeiro e respectivos auxiliares a Justiça pareceu dar sinais de estender os tentáculos para outros delinquentes que não aqueles mais próximos ao governo anterior. Pode ser que esse tipo de isonomia tenha resultado da contextualização gradativa das denúncias aportadas pelos investigadores, e que agora as apreensões buscarão não apenas os do cordão vermelho, como aparentava ser uma prioridade, mas de todos os demais, independentemente da orientação. 

Contudo, mesmo imaginando alguma seletividade dos alvos iniciais, parece precipitado e temerário apontar intencionalidade e má fé nos procedimentos do aparato investigativo. Conclusão dessa natureza corresponderia a afirmar que o conjunto das responsabilidades pela desconstrução do país estaria em outro grupo que não os responsáveis pelos 3 últimos mandatos presidenciais e aliados respectivos.

No caso do Rio de Janeiro, o que, de fato, está acontecendo é a aterrissagem das muitas faturas que vêm de tantos tempos atrás, especialmente das épocas em que tudo ficava “em casa”. E agora, com mais uma vara judicial – a do Rio – cuidando com exclusividade dos atos de corrupção, nos moldes da República de Curitiba, o torniquete em torno dos agentes políticos e do conluio com a iniciativa privada muitos outros castelos ruirão.
 
De notar que apesar da aparência do início de uma vida nova na avaliação dos comportamentos nem todos acreditam nas mudanças, como bem demonstram as denúncias contra o todo poderoso Geddel Vieira, que, segundo consta, tentou atropelar o agora ex-ministro da Cultura para atender interesses imobiliários próprios e de associados, pouco importando com a desfiguração da cidade de Salvador, e os conselhos protetivos do IPHAN. Esse político vem ainda dos tempos dos Anões do Orçamento, e de uma época em que se boatava tudo mas não se apurava nada.

O gozado de tudo isso é que o cinismo e a impudicícia continuam em alta. Basta ver a reação dos membros da “famiglia” Garotinho sobre a prisão do patriarca, quando afirmavam que, com tantos criminosos soltos, prendem um político “apenas” por questões de chequinho. Procuram graduar o crime ou sugerir que se deva punir escalonadamente. É certo que têm muitos criminosos soltos ainda. Mas, isso não pode sugerir uma fila de “atendimento”. 

Em outro lado mais sombrio dos comportamentos, o deputado Onix Lorenzoni, relator das chamadas 10 Medidas, está sendo bombardeado pelos colegas parlamentares pela simplória decisão de dar curso ao projeto popular segundo o modelo oferecido pelo Ministério Público. Isso significa desproteger a razoável parcela dos integrantes do Congresso envolvidos em falcatruas. Já há quem afirme que o seu relatório será rejeitado, e outro deputado nomeado para produzir uma peça segundo os interesses da maioria da malandragem institucional. Em meio a isso remanesce o plantão das chantagens e das ameaças a determinados matizes do Judiciário a fim de que baixem as respectivas bolas. 

De sorte que, enquanto a sociedade acredita e anseia pela vitória dos investigadores têm ainda aqueles que duvidam da produção dos resultados, e continuam buscando meios de enxovalhar os profissionais envolvidos, na expectativa de que tudo volte àquele tempo em que, como disse, ficava tudo “em casa”. Esta foi até pouco tempo a história da política contemporânea da Pátria Assaltada. 

Enfim, apesar das prisões e da ação firme da ala investigativa, não há o que comemorar. Só há o que constranger.



Por: Luiz Saul Pereira
        BRASÍLIA - DF

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