segunda-feira, 28 de novembro de 2016

O JOGO DE CENA DOS HOMENS PÚBLICOS NESSE PAÍS CHAMADO BRASIL - POR LUIZ SAUL




Pra quem pensa que é fácil, o observador alerta que é difícil. 
Colhido em inaceitável interferência palaciana de proteção a interesse privado, Michel Vano Rousseff (ex-Temer) apressou-se em reunir a imprensa, Renan e Rodrigo ao tiracolo, para divulgar a simulação de fato novo apelidado de ajuste institucional de garantia de brecar a pretendida anistia ao Caixa 2. 

Montado em postura de pretenso estadista, o herdeiro falou de administração de conflitos entre auxiliares, sem explicar a frase de o Calero haver produzido “dificuldades operacionais” para o seu governo. Na verdade, poderia estar se referindo à irritação do Geddel, o qual, em plena advocacia administrativa, intentava suplantar regras formais do IPHAN, em benefício da construção do seu patrimônio. 

As tais “dificuldades operacionais” referem-se tão somente à condição de refém em que se encontra o Planalto, menos pela governabilidade e mais pelo apoio à manutenção na cadeira. Nem chega a ser novidade. A maioria dos governos do Brasil esteve sempre em maior ou menor grau sujeita às vigarices do sistema político. 

O pano de fundo que obrigou a exposição daqueles 3 narizes em crescimento foi aparentemente o anúncio da iminente divulgação da entrevista concedida pelo ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, na qual denunciaria as pressões de bastidor para drapejar a consecução de interesses imobiliários de outro ex-ministro. Com efeito, divulgada a conversa com a repórter, tudo se confirmou, inclusive a interveniência de outros atores.

Há quem acredite que a conjunção desses fatores seria suficiente para justificar nova etapa de impedimento presidencial a que os brasileiros estão se acostumando. Chamar-se-ia de O Impeachment Dois, o Retorno. Já têm partido se movimentando nesse sentido apenas para fazer número, uma vez que, tendo maioria no Congresso, o Palácio baldará qualquer proposta em tal direção.

Mas, o que pega nisso tudo é que a sociedade desatenta pode pensar que a manifestação do presidento significa a garantia do curso das propostas do Ministério Público relatadas pelo Onix Lorenzoni, que, aliás, já caiu em desgraça com os coleguinhas da Câmara por desrespeito ao corporativismo. 

Ledo engano, uma vez que, embora pautada na casa dos deputados, não o será no Senado, pelo menos na gestão do Renan. Ele é o dono da pauta e já disse que a agenda está lotada. O curso da matéria naquela Casa penderá exclusivamente de suas conveniências e caprichos. Tá tudo dominado.

Nessa linha de interpretação, o jogo de cena foi apenas isso. 
Habituados à permissividade secularmente institucionalizada e à complacência submissa e tremebunda da sociedade, os “nossos” homens públicos continuam atuando com a racionalidade da possessão, sem se aperceberem de um mundo social e politicamente em transição. Com a visão alcançando apenas o umbigo, não acreditam na importação das tempestades de mudanças que estão ocorrendo lá fora. 

Enquanto segue a rotina, a tal sociedade sequer percebe ou se toca para tentativa de demonizar a carreira diplomática do Marcelo Calero, o qual, apesar da discussão sobre comportamento ético, teve a ousadia de enfrentar o sistema corroído, mas que, pelo menos sob o Temer Rousseff, estará na geladeira do Itamarati. E olhe lá, se não lhe acontecer o pior!


Por: Luiz Saul Pereira
        Brasília - DF

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