terça-feira, 6 de dezembro de 2016

AS RUAS PEDIRAM E RECEBERAM A CABEÇA DO RENAN CALHEIROS - POR: LUIZ SAUL




Em uma bizarra analogia, tal qual Salomé, que pediu e recebeu de Herodes a cabeça de João Batista, as ruas pediram e receberam do Ministro Marco Aurélio de Mello, do STF, a cabeça do Renan Calheiros.

Mas, a analogia para por aí. No presente caso não houve, como “naqueles tempos”, a influência do vinho e da lascívia. O Ministro decidiu à luz de um precedente de impossibilidade da manutenção de réu na linha de sucessão da Presidência da República. Inexiste paradoxo ou tendenciosidade, até porque pende de conclusão a decisão naquela Corte processo sobre o assunto, ora sob pedido de vista, mas com placar de maioria apontando para o impedimento de que se trata. 

Em qualquer situação, ainda que seja reconduzido para completar o mandato até fevereiro o senador alagoano está moralmente espedaçado e tecnicamente desabonado para continuar na cruzada que, para abrigar vaidade pessoal desserve a Casa e aprofunda a crise institucional. Por isso, na condição de ex poderoso assistirá ao desembarque dos aliados de ocasião porque em todo navio tem rato. E ratos percebem a iminência de naufrágio.

Como tudo por aqui tem sido especialmente vertiginoso, a decorrência mais imediata dos últimos acontecimentos será a reassunção do protagonismo pelo PT na pessoa senador Jorge Viana, do Acre, que poderá, ou não, dar curso aos acordos de liderança para a manutenção da agenda até o fim do ano, valendo dizer, a continuidade da votação da PEC do Teto do Gasto. Querendo, ou não, estará doravante sob o crivo e os canhões do Lindberg, do Jandirão, da Gleisi Hoffmann, da Grazziotin, da professora Fátima Bezerra (é górpi) e certamente do Lula nos bastidores para a sabotagem da PEC, assim como da Reforma da Previdência.

Embora o Michel Rousseff considere, no fundo, o Renan como um aliado bipolar e trapalhão que precisou de ser conduzido com luvas de pelica, o seu afastamento era tudo que o Planalto temia. Significa que terá de reconstruir as estratégias a partir de outros conceitos que não a bajulação a novas primas dona, que será substituída por parâmetros ideológicos comandados nos bastidores por cordões pressentidos mas invisíveis a olho nu.
Já não há meios de medição da sobriedade na Esplanada e no Palácio, nem há homens que, como antigamente, eram devotos da convergência e da superação das crises. Aliás, olhando para os nomes que no passado conduziram o Congresso Nacional, é doloroso perceber que a partir do afastamento do Renan, esse Congresso, por uma questão de regra regimental, terá como presidente ninguém menos do que o deputado Waldir Maranhão (PP-MA) para a condução das sessões conjuntas até fevereiro.

Não se sabe ainda se a defenestração do Renan implicará a redução dos antagonismos, especialmente pela eventualidade da retirada da pauta da Lei do Abuso em que ele renitia. Isso porque ainda resta o senador Roberto Requião (PMDB-PR), o qual, na condição de relator da proposta, persegue a continuidade da discussão, chegando a sugerir que os manifestantes de 4/12 deveriam consumir alfafa in natura ou diluída em chá. É assim que a sociedade é vista pelo senador naturalmente a distância de uma eleição.
Manada de cavalos, muares, vacas, talvez.
Quanta sensibilidade! Falta alguém para botar um cabresto em tal cavalgadura!


Por: Luiz Saul Pereira
        Brasília - DF

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