sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

MICHEL ROUSSEFF, SEU VOO NÃO É DE CRUZEIRO EM CÉU DE BRIGADEIRO - POR LUIZ SAUL




Em tempos tão excêntricos, a estranheza dos comportamentos cresce nas investidas de imposição de pensamentos particulares e individuais sobre as preferências da coletividade. Esse viés de despotismo pode revelar-se especialmente nocivo quando a prática transcender de situações privadas para envolver a coisa pública e as relações institucionais. Tome-se os agentes políticos que aparentam haver assumido o país como um haver de sua propriedade privativa. 


No caso, por exemplo, o senador Renan Calheiros pretendeu arrastar todo o Congresso, ou, no mínimo, o Senado Federal para a hostilidade declaradamente aberta contra o Ministério Público Federal e parte do Judiciário, especialmente na pessoa do Juiz Sérgio Moro.


A correta iniciativa de modernizar os regimentos e prevenir excessos de agentes públicos nas mútuas relações institucionais e/ou com a comunidade transformou-se em referência e bandeira do senador para o enfrentamento da sua guerra pessoal na perspectiva de se livrar ou minimizar as acusações que pesam sobre si. 

Vai daí que lutou todos os esforços para a aprovação da Lei do Abuso na versão que propôs, aí compreendida a intimidação aos inimigos da força tarefa instalada em Curitiba. No entanto, capitulando à sensatez dos pares que recusaram alistar-se no seu “exército”, o senador aceitou enviar o projeto à avaliação da Comissão de Constituição e Justiça.

Mas, aí que está para quem se equivocou dando a crise por encerrada. Ledo engano, pois o alagoano cujo mandato de presidente do Senado se encerra agora, já está se declarando candidato à presidência justamente da Comissão de Constituição e Justiça da Casa, com razoáveis possibilidades de sucesso, para receber o mesmo processo e, com isso, continuar a sua batalha contra os mesmos inimigos. Significa que o recesso será apenas uma trégua para recolhimento dos feridos. 

Mas, por falar em imperialismo e prepotência, a coisa não para por aí. Depois da arrogância da Câmara dos Deputados em desfigurar profundamente o projeto de iniciativa popular das 10 Medidas, patrocinada pelo Ministério Público Federal, vai que o Ministro Luiz Fux, do STF, decidiu intervir no Poder Legislativo decretando o retorno da proposta, do Senado para a Câmara, com vistas à “correta discussão”. A distância, parece que a medida monocrática não será confirmada pelo plenário. Mas, parece também que todos estão reprovados no quesito prepotência. 

No dia de ontem, o único sinal de perda de arrogância foi dado pelo Paulo Moreira, o Paulinho, ex-tesoureiro do PT. Buscando a remissão dos pecados, finalmente um membro importante da sigla confessou em Juízo afinal que as “doações legítimas” alardeadas por toda a turma de lá, eram na verdade, como afirmou, doações informais. E haja eufemismos! 

Quem parece se sair relativamente bem nesse momento é o Michel Rousseff, apesar das baixas que continuam liquefazendo a sua equipe. Mas, além de emplacar a primeira etapa da admissibilidade da Reforma da Previdência, aprovou a PEC do Teto dos Gastos Públicos, assistiu à redução política e ao adiamento da agonia do extravagante e dúbio aliado Renan, e ainda ficou de fora da querela entre o Fux e a Câmara.

Nem por isso, no entanto, o seu voo é de cruzeiro em céu de brigadeiro. É só esperar.

Por: Luiz Saul Pereira
        Brasília - DF

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