quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

VIÉS DA POLÍTICA NO PLANALTO: A OCASIÃO É DE CONCILIAR E HARMONIZAR CONCHAVOS - POR LUIZ SAUL




Por aqui, a ocasião é a de conciliar as justificativas para a adesão a qualquer viés de ocorrência política. É um modelo de sagacidade evasiva em que cada qual busca ajustar um sorriso de velhacaria na foto mediante argumentos harmonizados com os resultados dos conchavos.

De olho, por exemplo, na ambição de recandidatar-se à presidência da Câmara em 2017, e, sem perder de vista, também, os votos dos fluminenses para a sua reeleição para deputado em 2018, o Rodrigo Maia conduziu o projeto de renegociação da dívida dos Estados recusando as contrapartidas que o Ministério da Fazenda e o Planalto idealizaram.

A encenação foi perfeita para reafirmar firmeza e independência aos demais deputados em relação ao Palácio, e, ao tempo, demonstrar suposta salvaguarda à vida dos eleitores do seu Estado na medida da recusa a aspectos restritivos do projeto, incidentalmente mais danosos a uma população virtualmente na bancarrota e à beira da sublevação total. A postura desafiadora e de aparente insubmissão, transmitida pela TV, será oportunamente lembrada aos eleitores fluminenses, uma vez que nada acontece por acaso.

No outro lado da rua, no Planalto, o Michel apressou-se em afirmar que a recusa, pela Câmara, das medidas suplementares da renegociação não representou derrota apesar da quebra do protocolo firmado com a chamada base aliada para aprovação in totum da proposta. 

E talvez até tenha razão uma vez que a recusa não corresponde a uma proibição. Daí que nas rodadas específicas todas as contrapartidas serão incluídas como pré-requisitos das negociações. Estados como o Rio, Minas e Rio Grande do Sul, virtualmente falidos, e outros que possam aderir ao modelo provavelmente se submeterão.

Releva notar que, mesmo não sendo os governantes dos sonhos, as suas propostas – quando se avalia exclusivamente o conceito de nacionalizar em proporcionalidade o disciplinamento fiscal – tendem a fazer sentido como contribuição para recuperar a nação dos enormes danos causados pela exacerbação da irresponsabilidade populista das últimas gestões. 

Implica que a iniciativa da Câmara apenas se encaixa no conceito secular de alentar preocupações particulares, corporativas e invariavelmente eleitoreiras, em detrimento dos reais e urgentes problemas vividos pelo país. Poucos estão sensíveis aos exemplos de descuido e malversações correntes, e menos ainda aos castigos que começam a ser impostos.

Ainda agora, quando não mais podem subsistir negativas dos conluios entre a iniciativa privada e os agentes públicos, a Odebrecht e sua subsidiária Brasken acabam de submeter-se a acordo de leniência envolvendo a Suíça, os EUA e o Brasil, mediante o qual indenizará os países em U$2,6 bilhões, ou seja R$6,9 BILHÕES. Não haveria acordo se não houvesse o crime em toda a sua extensão a tantos países. 

A suprema relevância desse acordo está no fato de que não decorre de delações premiadas que costumam ser contestadas pelos denunciados. Ao contrário, resultam de investigações com conclusões documentais e de provas provadas com início, meio e fim da origem e destinação dos dinheiros a cada beneficiário, assim como o inconteste objetivo.

Apesar desses sinais, continua remanescendo na cabeça da classe política o compadrio e o proselitismo com as coisas do país. Em tempos que já são pré eleitorais fica patente que, mesmo com base “aliada”, pajelanças e outras bruxarias, o Michel terá enormes dificuldades para dar curso as demais e necessárias reformas no ano 17 nos ajustes e permutas dos interesses. São as Trabalhista, Previdenciária e outras menores. 

Por enquanto, os “meninos e meninas” parecem interessar-se pela legítima defesa consubstanciada na sua versão da Lei do Abuso. E tem também aquela escandalosa Lei Geral das Telecomunicações pouco conhecida do grande público, que se encontra sub judice e provocando o maior rebuliço nas cabeças minimamente sãs.

O Michel que se prepare porque em pouco tempo poderá ter a seu lado apenas a cuidadora.


Por: Luiz Saul Pereira
        Brasília - DF

Um comentário:

  1. Admiro as publicações desse senhor. São por demais inteligentes e atuais.

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