quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

SEM RENOVAÇÃO DE ATORES E DE VALORES - POR LUIZ SAUL



Este início de fevereiro do ano sem graça marca a confirmação da mais desacreditada composição do Congresso da história do Brasil, em que expressivo número de legisladores, seja senador ou deputado, esteve, está ou estará na mira das muitas leis que ofenderam de forma continuada e sistemática. Sem renovação de atores e de valores, restará apenas uma dança de cadeiras em baile de passos combinados. 


Até pouco tempo o enredo da cena política insistia no tema do “nós contra eles” que se diluiu ante a prostração das mentiras arquitetadas para fundamentar o projeto do Reich tupiniquim de muitos anos. Na época, como agora, os personagens eram os mesmos, com “convicções” partidárias e ideológicas dançantes segundo a conveniência do momento. 

E, com efeito, nesse lapso aconteceu de tudo um pouco, como, por exemplo, o PCdoB da Vanessa Grazziotin desgarrando-se das escarnecidas batalhas de holofote para migrar para o apoio àqueles considerados golpistas. Também o PT, na mesma linha de não perder o que restava do seu protagonismo, namorou por todos os momentos com o apoio aos seus piores verdugos no processo que expulsou aquela mulher e instaurou a irrelevância da legenda. A manobra somente não se confirmou graças a indigestão da militância que se vestiu de coerência, inclusive o senador menino Lindbergh. Em uma das duas casas o PT apoiará mesmo assim os golpistas.

Doravante, o tema será quase o mesmo: “Nós contra ela”, desde já sabendo que o “nós” são eles, enquanto que “ela” pode ser a Operação Lava Jato e suas afiliadas, ou, ampliando, a Força Tarefa da República de Curitiba, especialmente depois da homologação das delações premiadas ainda mantidas em sigilo, mas garantidoras de um desassossego intenso e duradouro. Talvez por isso, o bem mais precioso de determinados “representantes do povo” não seja mais as fazendas ou os dinheiros escondidos, mas sim o status do foro privilegiado, como forma de não cair nas mãos do Moro.

Em que pese o olhar atento da sociedade parece inevitável a tentativa da construção de uma agenda tácita de sabotagem das investigações sobre a corrupção e os corruptos até porque, nas circunstâncias atuais, as ovelhas são pastoradas por um ou muitos lobos. Isso, sem falar que a matilha é responsável pela unção das ovelhas. Dá então para fazer uma peneira.

Não é bom para um povo e para um país em que os seus destinos sejam conduzidos por indivíduos que apesar de suspeitos ou indiciados por crimes de natureza diversa transitam resplandecentes e zombeteiros da Justiça como se na sala de cada um não houvesse um elefante enraivecido. 

Arrogantes e indiferentes aos representados, exceto nos períodos de engodos eleitorais em que a utilidade do eleitor se encerra com a eleição, trocam de cadeira e de funções em um tipo de rodízio entre comissões e lideranças em que se subverte o verdadeiro conteúdo de suas missões para transformar o mandato em uma causa pessoal de prestígio, de poder, e não raro de enriquecimento de difícil explicação.

É assim que se estará inaugurando o ano legislativo de 2017, com as eleições para as presidências da Câmara e do Senado sem que se saiba a extensão da culpabilidade de cada eleito e de cada eleitor na gratuidade das delações. 

Mas, por enquanto, cada se agarra em um galho do Poder.



Por: Luiz Saul Pereira
        Brasília - DF

Um comentário:

  1. Esse repórter do jornal Opinião Triunfo que faz a cobertura das notícias em Brasília-DF, é muito antenado.

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