sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

UMA COISA É UMA COISA E OUTRA COISA É UMA COISA - POR LUIZ SAUL



Será uma canalhice incluir a morte da Marisa Letícia em discussões de natureza política com vistas a espezinhar o Lula, seu marido, ou a qualquer de seus familiares que têm sido objeto de noticiários desabonadores. O seu iminente falecimento – ainda bate o coração – constitui um momento de respeitosa solidariedade, não ao político, mas ao marido com o qual dividiu a construção de um mito, atingiu o auge do prestígio, e que agora caminha para o ocaso.


Porém, na mesma medida, será uma cafajestada apadrinhar esse óbito como bandeira de incriminação para subjetivamente atribuí-lo às pessoas e às circunstâncias contidas nas atribulações de responsabilidade exclusiva do viúvo e respectivos associados. O luto há de ser respeitoso e as condolências justificadas neste momento em que o Lula fica efetivamente menor. Mas, uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. 

Enquanto esse funesto acontecimento se desenrola naquela família, a vida, como teria que ser, continua produzindo as velhas novidades de sempre, especialmente na Esplanada e no Palácio. As velhas novidades assemelham-se a uma variação sobre o mesmo tema como um retrato da nação.

Com efeito, alheio ao drama e à dor do viúvo, o presidente herdeiro emplacou ao mesmo tempo as presidências aliadas da Câmara e do Senado, abrindo assim caminho para fazer fluir as suas propostas de reforma no enfrentamento das resistências que não serão poucas, mas com a boa vontade ora do Rodrigo (o Botafogo), ora do Eunício (o Índio), os quais sugestivamente incluídos na clientela dos delatores da Operação Lava Jato. 

Também a demonstrar a celeridade da vida política sem pausa e sem sentimentalismo continuado, o Renan revezou a sua antiga cadeira com a igualmente antiga cadeira do Eunício como forma de, na condição de líder do partido no Senado, manter praticamente toda a influência anterior e principalmente a condição de pautar a agenda da Casa, implicando que continuará dando cartas e trancando ruas.

A questão, contudo, é que a República de Curitiba também não parou, e na coincidência da viuvez, condenou uma ruma de gente envolvida nos tantos escândalos nacionais, inclusive o casal Santana/Mônica, a 8 anos e meio, cada um e por enquanto. 

A única instituição nacional que, apesar de perfeitamente funcional, parece jornadear em ritmo desproporcional às exigências da sociedade e às necessidades de tantas reparações para expelir a delinquência é a Suprema Corte. Isto, porém, não converte o respeito cabido à Corte em desconfiança ou em sugestão de lerdeza ou de desídia dos ministros. A perplexidade do leigo que não conhece as entranhas dali reside na inevitável comparação dos encaminhamentos da Força Tarefa de Curitiba em ritmo célere, que não acontece na mesma proporção no Supremo. Mas, para este observador o STF permanece respeitável e seus componentes, veneráveis. 
Assim, a vida continua como sempre.
RIP Marisa Letícia!




Por: Luiz Saul Pereira
        Brasília - DF

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