terça-feira, 25 de abril de 2017

TEM COISAS QUE SÓ ACONTECE AQUI, PORQUE AQUI É AQUI... LUIZ SAUL



A Polícia Federal, vezeira na eficiência e competência da movimentação de seus contingentes para o cumprimento de decisões judiciais difusas e simultâneas em estados, cidades e locais diferentes, acaba de suscitar fragilidade organizacional ao propor o adiamento, de 3 para 10 de maio, do encontro do Lula com o Sérgio Moro, sob o pretexto de que o feriado de 1° de maio poderia atrapalhar a construção do aparato. Não se trata de uma ação do Moro, mas da PF que pareceu presumir que o deslocamento do Barba e a ameaça do pão com mortadela poderia ser superior à engenharia da segurança. Ora...

E, como aqui é aqui, tem outras coisas ali pela Esplanada. Falemos, por exemplo, da contramão que está sendo discutida. Pois bem, enquanto a Ministra Presidente do STF, Carmem Lúcia, está reforçando a equipe do Ministro Facchin para a análise das denúncias de corrupção; enquanto outros órgãos do governo admitem disponibilizar membros de seu pessoal para enriquecer as equipes de investigação; enquanto o mundo aprova a missão da Força Tarefa de Curitiba, inclusive com a celebração de acordos internacionais de cooperação que já renderam substanciais repatriações de recursos desviados; enquanto tudo isso, o Conselho Superior do Ministério Público está discutindo limitar a concessão de procuradores federais para comporem contingentes de investigação tipo a Força Tarefa de Curitiba, valendo isso dizer, que pode reduzir a capacidade de trabalho desses grupamentos. Ora, ora...

E também como aqui é aqui, parlamentares (repito, parlamentares) inscritos por si ou por suas empresas na dívida ativa por decorrência de dívidas impagas ao Tesouro no valor de aproximadamente R$ 3 bilhões (isso, bilhões), intentam incluir-se como beneficiários do PRT – Programa de Regularização Tributária – instituído por medida provisória prestes a se transformar em lei. 

Parte da sociedade já está ciente de que duas das melhores profissões neste país são a de sindicalista e a de agente político. Ambos não trabalham senão por interesse próprio e da manutenção de licenciosidades. No presente caso do PRT, o Refis pretendido, acaso aprovado, implicará, dentre outros benefícios, redução de 90% de juros e multas, elevando de 120 para 180 parcelas para os pagamentos.

Não é demais lembrar que o relator da matéria, deputado Newton Cardoso Júnior (PMDB-MG) está inscrito com débitos de R$67,8 milhões em nome de suas empresas. Isso seria bastante para revelar a profundidade do escândalo e da promiscuidade não fossem os números de outros parlamentares como o exemplo do senador Zezé Perrella (PMDB-MG), no valor de R$1,7 bilhão do Frigorífico Cristal, tido como de sua propriedade, ora envolvido em processo de sonegação fiscal, segundo o noticiário. Por tabela, a aprovação da medida beneficiaria também empresas envolvidas nas diversas operações em andamento, como na Carne Fraca, na Recall, na Saqueador, na Acrônimo. Mas, são muitos os outros devedores.

Ante o quadro e as intenções é inevitável concordar com a tese de que os indivíduos, especialmente os membros ou titulares de empresas devedoras, se lançam aos mandatos apenas para encontrarem meios de continuar não pagando imposto, como sugere o coordenador-geral da dívida ativa da União, Daniel de Saboia.

O interessante (ou constrangedor) de tudo é que todos acham tudo muito normal e principalmente que as suas propostas não encerram qualquer conflito de interesse.
Ora, ora, ora... Por isso que aqui é aqui.

Enquanto isso, o “complô” contra o Barba e contra aquela mulher só cresce. Ora, ora, ora, ora...

Por: Luiz Saul Pereira
        Brasília - DF

Um comentário:

  1. Sempre eclético o senhor Luiz Saul Pereira destaca-se pelas maravilhosa publicações que faz neste jornal de Triunfo.

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