terça-feira, 18 de julho de 2017

ANDANDO NO FIO DA NAVALHA, O RECESSO SERÁ TEMPO DE AGONIA! - POR LUIZ SAUL





Para quem pensa que, depois da rejeição da denúncia no âmbito da CCJ da Câmara, o Temer desceu da corda bamba, é aconselhável rever a avaliação, uma vez que continuará andando sobre o fio da navalha.
Frustrado o plano de resolver o julgamento da questão, no plenário, antes do início do recesso parlamentar que se inicia no dia 18 próximo, resulta que conviverá por todo o restante do mês com as assombrações de possíveis fatos novos, e, mais que isso, com o reagrupamento da oposição (aí incluídos os revoltados dissidentes substituídos na Comissão) no sentido de organizar-se para decidir pela autorização a que Supremo o julgue pelo crime de corrupção passiva, que é cerne da denúncia.
No aspecto do quórum, o esforço de cada parte haverá de ser hercúleo, de vez que tanto parecerá difícil a oposição reunir os 342 votos necessários, no dia 2 agosto, para remeter o Presidente ao Supremo, como igualmente penoso arregimentar os 175 votos que o livrariam desse primeiro processo.
Neste primeiro momento, nem se pode afirmar que o resultado da CCJ foi uma vitória, especialmente considerando o preço em verbas distribuídas, ou, pelo menos empenhadas para os parlamentares à custa do contribuinte, e principalmente pelas manobras de substituições de tantos deputados na Comissão, que a oposição classificou como comprados.
A questão é que o lodaçal é imenso e previsível, como, aliás, poderá confirmar-se com a eventual sucumbência do Lúcio Funaro à delação premiada com um conteúdo que, segundo os boatos, vem sendo ensaiada e se afigura avassalador para as pretensões de normalidade do Palácio. A par disso, e embora a defesa negue, há sinais claros de que também o Eduardo Cunha estaria apalpando a sua delação, até porque se não o fizer em tempo de oferecer informações substantivas, antes do Funaro, pode ser que só saia da cadeia por um improvável indulto ou quando cumprir pelo menos um sexto de suas sanções.
Não bastasse, ainda tem na área o Caboco Flechador, ou seja, o Procurador Geral da República Rodrigo Janot, que, no ocaso do mandato, mas decidido a fazer história até o último dia da gestão, em 17 de setembro, vem garantindo que terá mais bambus, e, portanto, flechas, para atirar no combalido Presidente. Se não o fizer até a data limite, pode ser que a sua substituta arrefeça a luta e enseje algum fôlego, ainda que o seu discurso e principalmente o seu histórico seja de combate cerrado à corrupção. Mas, por enquanto, não parece que Janot desistirá.
A esperança do Presidente há de ser a desqualificação dos diálogos gravados pelo Joesley Safadão, que afinal instrumentaram a denúncia. Acaso consiga o voto de inocência, no plenário, é bem provável que reduza o potencial de fogo de novas denúncias oriundas da PGR baseadas na mesma gravação, pelo lógico motivo de que, sendo reprovada para a tese de corrupção passiva, há de sê-lo igualmente para outras acusações.
Mas, como estamos em um país em que as conveniências costumam migrar ou se encaixar ao sabor dos interesses de grupos habituados ao empilhamento de vantagens, tudo poderá acontecer na medida dos conchavos e das negociatas de sempre.
Mesmo assim, o recesso será um tempo de agonia!




Por: Luiz Saul Pereira
        BRASÍLIA - DF

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