quarta-feira, 16 de maio de 2018

NÃO SE PODE DEIXAR A BOLA QUICANDO... POR LUIZ SAUL

Resultado de imagem para “O Brasil voltou, 20 anos em 2”

Em crise de criatividade para colorir o ocaso de Michel Temer, a área de glorificação do Palácio recorreu ao plágio da frase de Juscelino Kubitschek, quando este prometeu realizar cinquenta anos em cinco, relativamente à construção de Brasília.
Foi então que os marqueteiros cunharam no convite para a celebração dos dois anos ocupação da cadeira, o perigoso bordão de “O Brasil voltou, 20 anos em 2”, com todos os riscos de serem emboscados por uma prosaica vírgula cuja aposição equivocada poderia aumentar a fritura e ridicularizar ainda mais o chefe.
Observando a aridez e a impropriedade da ideia no contexto do atual desastre, mas tentando aproveitar a intenção talvez coubessem outras versões mediante o uso de outras pontuações sem a perda do sentido. “O Brasil voltou! 20 anos em 2!” poderia, por exemplo, constituir bordão afirmativo, uma vez que, na forma como inscrito no convite, permitiu toda sorte de brincadeira, inclusive a retirada da vírgula, com o entendimento de retrocesso que, afinal é o que ocorre.
Não se pode deixar a bola quicando...
O pior é que, com o convite para as presenças compulsórias dos auxiliares diretos, a cerimônia terminou por filtrar os apoios ao Presidente da República, cuja falação longa não alcançou os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, ambos estrategicamente ausentes em virtude de “compromissos anteriormente assumidos” que é outro bordão para não se misturarem.
No entanto, apesar da percepção do estágio crepuscular do Presidente da República, e da aparente pobreza literária dos seus beatificadores, forçoso o reconhecimento de acertos na sua gestão, dentre os quais, o mais importante que foi a fixação do Teto dos Gastos, e remotamente a tentativa de modernização das relações trabalhistas por intermédio de uma reforma que ainda perambula ora pelos tribunais, ora pelas casas legislativas em que cada parlamentar tira a respectiva casquinha para uso como pavilhão eleitoreiro.
No mais, com vírgula ou sem a dita cuja, melhor esquecermos o tema e o Temer. Nenhum dos dois emociona.

Enquanto isso me lembro de uma brincadeira de estudante iniciante sobre pontuação e vou mandar para o marketing do Palácio a frase abaixo para que eles incluam as vírgulas, os pontos e o que mais quiserem.
“Voar de Portugal ao Brasil uma andorinha só não faz verão” 

Eu vírgula hein exclamação




Por: Luiz Saul Pereira

(da sucursal em Serra Talhada, ao Sul de Miami)

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