sábado, 22 de dezembro de 2012

MÃEEEE... POSSO FAZER UMA PERGUNTA?

Criança não tem papas na língua para saber o que tem vontade. Já a gente... às vezes se enrola tanto pra responder!

Acervo pessoal // Pais não devem evitar perguntas sobre Noel
Durante muitos anos eu guardei na biblioteca de casa um antigo exemplar do De onde vêm os bebês, um livro lindamente ilustrado para crianças. Guardei porque achava, sinceramente, que um dia meu filho ia chegar em casa com a clássica pergunta. Isso nunca aconteceu. Não que em casa a gente não tenha conversado sobre o assunto com ele, ao contrário, quando esperava a Bruna, 3 anos mais nova do que ele, a barriga foi crescendo e as perguntas aparecendo: o que tem aí na sua barriga? como ela vai sair daí? ela vai nascer falando... Mas “de onde vêm os bebês” ele nunca perguntou.
 
Outra pergunta que eu temia era “o Papai Noel existe?” Se ela viesse assim, de supetão, quando ele tinha 5 anos, eu deveria contar a verdade? De novo, a pergunta nunca veio da forma como eu havia imaginado. Um dia ele deu a entender que sabia a verdade, mas ninguém precisou saber como ou onde ele descobriu. O mesmo em relação ao assunto de sexo: a tal sementinha que o papai plantou na barriga da mamãe foi compreendida no seu espectro mais amplo, ao mesmo tempo em a sunga de criança foi substituída pelas bermudas de surfista.
 
Tenho a impressão que perguntas cabeludas têm um aspecto mais terrível para os pais do que para as próprias crianças. E principalmente porque a gente, na ânsia de explicar tudo, acaba explicando demais. Serve bem nesses casos um desses conselhos bons que ouvimos pela vida e guardamos para a hora que precisamos: responda para uma criança aquilo que ela pergunta, e espere a próxima pergunta. É uma forma de não falar demais, de não confundir a cabeça delas antes da hora e, principalmente, uma maneira de mantê-las confiantes a fazer perguntas pra a gente – porque se os pais demonstram aborrecimento em responder, ela deixam de perguntar!
 
Acervo pessoal // Respostas simples são as melhores

Esse jeito de agir tem funcionado bem com meus filhos, acho que por 3 motivos simples:

Motivo número 1 = criança faz pergunta prática e quer resposta prática. Por que o Papai Noel vem de trenó e não de avião? (essa foi da Bruna, com 6 anos). Minha resposta: porque não tem voo direto pra lá.
 
Motivo número 2 = criança não tem problema em ouvir não. Respondi com todas as letras pra o João Pedro, quando menor, que eu não sabia como o Papai Noel tinha tanto dinheiro pra comprar os presentes de todas as crianças no mundo.


Motivo número 3 = criança não gosta de responder pergunta de adulto. Se você, por exemplo, desconfia que seu filho já não acredita em Papai Noel, não precisa torturá-lo com um questionário sobre o assunto. Um dia, se você merecer, ele virá contar como foi que descobriu. E vocês dois darão boas risadas juntos.


Ao abordar assuntos mais complexos com leveza, a gente não assusta as crianças, ao contrário, estimula-as a continuar questionado, no tempo delas. Quando me perguntou sobre o dinheiro do Papai Noel, o João, aos 5 anos, não tinha noção de desigualdade social e da pobreza na África, mas demonstrou, na sua pequena dúvida, uma pontinha de preocupação com aquelas crianças que ele via pedindo dinheiro no farol. Quando voltou ao assunto, e eu continuei dizendo que Papai Noel não tinha aquele dinheiro todo, a sugestão dele foi que ajudássemos o Papai Noel. Ou seja, conseguimos dar espaço para ele elaborar melhor sua dúvida e procurar a solução. Ponto para ele!

Fonte:  Adriana Teixeira/De Mãe para Mãe/MSN

3 comentários:

  1. Natal virou uma festa extremamente comercial.

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  2. Uma criança de mais ou menos 3 anos (não vou citar seu nome porque é bem conhecido) um dia me perguntou: "Como foi que eu nasci?"
    Asseguro-lhes que lhe respondi de maneira correta, usando uma linguagem que entendesse e que não provocasse uma outra pergunta.

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  3. Quanto ao Papai Noel, que ele exista para as crianças até quando elas próprias venham a perceber que é apenas uma fantasia.
    Concordo que a criança viva a sua infância com todos os direitos que tem, fantasiosos ou não.
    Não vamos tirar das nossas crianças ilusões que também já tivemos e que hoje sentimos saudades.

    "Oh! Que saudades que eu tenho
    Da aurora da minha vida,
    Da minha infância querida
    Que os anos não trazem mais!
    Que amor, que sonhos, que flores,
    Naquelas tardes fagueiras
    À sombra das bananeiras,
    Debaixo dos laranjais!

    Como são belos os dias
    Do despontar da existência!
    Respira a alma inocência
    Como perfumes a flor;
    O mar é lago sereno,
    O céu, um manto azulado,
    O mundo, um sonho dourado,
    A vida, um hino d’amor!
    ...
    (Parte do poema "Meus Oito Anos" de Casimiro de Abreu.

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