Ao iniciar o mês do Natal , lembro dos meus fins de ano em Triunfo.
Era assim: meus pais alugavam o único “carro de praça” de Serra Talhada , uma fubica Ford 29, do seu amigo Migué Nico, e tocávamos a aventura de subir o Brocotó, às vezes, se chovia, levando o carro, outras, ele nos levando. Na infância, lembro de uma “calça curta” branca, sapatos e meias brancas, camisa axadrezada de jérsei, cabelos à Jack Dempsey (Jack demi).
À noite, depois de acompanhar a Banda tocando os seus dobrados, umas geladinhas (raspadinhas) de várias essências, uns guaranás Fratelli Vita ou coca cola; uns cachorros quentes (de carne moída), ainda não havia hot dog; os carrosséis e as “canoas” movidas a corda subindo e descendo no parque de diversões instalado no Quadro (vejam a foto que me apropriei de Odair), além dos diversos jogos de azar. Depois da missa, da novena, sei lá, rezada pelo padre Luiz, acendia-se a “giranda” (girândola) e outros fogos de artifícios, ponto alto da festa.
Enquanto isso, os adolescentes tentavam conquistar uns aos outros, dando voltas no Quadro (ainda não descaracterizado), em um quase cansativo sobe, desce e circula. De vez em quando, descambavam ora para a praça do açude (não é lago!) e Cine Guarany, via Bar Bronswick, de Zé Paiva, ora para o lado do Cine Guri, via um bar que se chamava Líder (se não me engano), situado abaixo do Quadro.
Já os adultos (elegantemente vestidos) sentavam naquelas barracas perto do Abrigo, tomavam cervejas e/ou um conhaque louco chamado Castelo (quase álcool), comiam tira gostos e confraternizavam ao som de “difusoras” com músicas de Anísio Silva, Francisco Alves, Orlando Silva, Silvio Caldas, Luiz Gonzaga e que tais. Também rolavam uns bailes (bailes mesmo!) no “Clube”. Homens em uniforme de gala, mulheres em longos, orquestra de qualidade, uns bolerões, foxtrot, valsas, sambas (os casais ainda dançavam abraçados), e, no final, rolava um frevo... Tudo terminava em carnaval e alegria.
Esses eventos repetiam-se de 23 a 31 de dezembro de cada ano. No último dia, abraços, beijos comportados e choros confraternizadores, saudando o fim de um e o nascimento outro ano.
Passados esses momentos de felicidade, voltávamos nossas apreensões para a aventura de descer o Brocotó.
Amado irmäo, que saudades... Evidente que por ser a caçula näo tenho todas essas belas lembrança. Mas guardo muitas recordações das festas natalinas que já passamos na amada Triunfo. Saudades...
ResponderExcluirEsse Saul é o cara!! Amei de paixão seu texto....
ExcluirMuito bom relembrar a Triunfo de outrora.
Excluirsaudades de tudo dessa terra amada que deixa-me saudosa à distância todo período de natal
ExcluirQue belas lembranças! Canoas do "Seu Domingos" Raspadinhas e CAPILÉ, rsrs. E ainda tinha os Balões. Lembro da Sorveteria da Praça do Quadro e o Carlos Paiva sendo o locutor da DIFUSORA. Muitas lembranças ótimas! AÇUDE mesmo, rsrs! Lago é outra coisa, não tem paredes nem sangradouro, rsrs. Eita tempo bom!
ResponderExcluirTriunfo tinha um natal de verdade. Sem consumismo , sem maldade, sem importação cultural. Tudo era natural simples e belo. A lapinha na Matriz era um ponto alto da festa. Eu amava ver aquele cenário.As barracas feitas de folhas de gravatá, nunca deviam ter sido abolidas, elas faziam parte do sonho. A onda, penso que só havia em Triunfo. Nunca vi em outro lugar.A queima de fogos, depois das novenas ( as mulheres pisando no pilão ) , Seu Nelo soltando balões com Zé de Seu Luís Bezerra , os pastoris, do colégio, de dona Emília Barros, os bailes para todos os gostos e faixas salariais, tudo era verdadeiro. Eu sinto muita saudade daquela felicidade.
ResponderExcluirNUNCA FOMOS TÃO FELIZES. SÓ HAVIA ESPAÇO PARA DIVERSÃO EM PLENITUDE TOTAL, CHEIA DE ALEGRIAS E SEM MALDADES.QUANTA SAUDADE!
ExcluirTu lembra das canoas do sr. Domingos?Ainda hoje sou frustrada porque meus irmâos nunca me deixaram ir.
ResponderExcluirMuito bom...eu sinto tantas saudades também....
ExcluirQue coisa mais linda de se ler Luiz Saul Pereira...Emocionadíssima!
ResponderExcluirNossa!!Fiquei emocionada com todas essa palavras e lembranças e muitaaaaaaaaaasssss saudadeeeeesssssss! Como eu era feliz e não sabia!!
ExcluirCoisa linda de se ler 2.
ResponderExcluirVoltei no tempo... Lindo, lindo, lindo e muito emocionante mesmo! Amei, Luiz Saul Pereira, vc descreveu ricamente, parabéns!!
ResponderExcluirEita, os balões.... que alegria vê-los subindo, um mais bonito que o outro.
ExcluirLembro sim Terezinha. Tenho muitas saudades. Mãe também não queria que a gente fosse não, mas de vez em quando a gente dava uma volta e era muito bom.
ResponderExcluirlindo amei!!
ResponderExcluirLindo demais essas lembranças!
ExcluirQue coisa mais linda. Até chorei. Acho que estou ficando muito sensível ao passado! Doces lembranças! Um abraço!
ResponderExcluirConfesso que relí um bocado a matéria que mexeu com meus nervos igual a Dânia Rodrigues, chorei que só..rsrs
ExcluirBoas lembranças, saudades!
ExcluirComo é maravilhoso termos do que nos recordar....Então chore Dania, as lágrimas lavam a alma...
ResponderExcluirLembro com tanto carinho. Infância sadia, simples e muito feliz.
ExcluirLinda e redação passou o filme,saudade boa.Parabéns!! abraços
ResponderExcluirLuiz Saul Pereira retrata tudo dentro de uma realidade que parece viva fazendo a gente viajar.
ResponderExcluirTriunfo é diferente de todo lugar, é uma cidade abençoada por Deus!
ExcluirQue narrativa maravilhosa, gostaria de saber de quem se trata esse escritor? O senhor conhece bem a história passada de Triunfo.Adorei!Parabéns!
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