O que acontece as populações nativas no entorno do Complexo Industrial Portuário de Suape/Pernambuco precisa ser denunciado. Esperamos assim que as autoridades constituídas façam prevalecer a lei naquele território.
Heitor
Scalambrini Costa
Coordenação
do Fórum Suape Espaço Sócioambiental
A
tolerância dos Poderes constituídos em Pernambuco em relação às
injustiças sociais e ambientais praticadas no entorno do Complexo
Industrial Portuário de Suape (CIPS) tem agravado as tensões
naquele território, tornando-o uma verdadeira “panela de pressão”
social e ambiental.
Onde
hoje se localiza o CIPS – com mais de 130 fábricas espalhadas em
um território de 13,5 mil ha – havia 27 engenhos com mais de 15
mil famílias (na maior parte, de agricultores e pescadores). E o que
se constata é que aquela população (bem mais reduzida atualmente),
invisível aos olhos da sociedade e fraca enquanto grupo social de
expressão sofreu, e continua sofrendo a maior e a mais truculenta
opressão já vista para abandonar os seus sítios, as suas
residências, abandonar, enfim, o seu modo de vida – um direito
assegurado pela Lei e pelos costumes.
Para
tanto, a empresa Suape militarizou a sua Diretoria de Gestão
Fundiária e Patrimônio, ocupada atualmente por ex-policiais civis e
militares. Nada contra estes cidadãos que já trabalharam em órgãos
de segurança do Estado. Todavia a indignação é contra o “modus
operandi” que empregam na relação com os moradores nativos. Na
delegacia de Polícia do Cabo de Santo Agostinho repousam inúmeros
Boletins de Ocorrência contra o que se chama na região de “milícia
de Suape”.
As
vítimas, além das agressões físicas e psicológicas, têm seus
bens destruídos sem motivo e veem atacadas a sua paz e segurança,
direitos sagrados da cidadania. Mesmo os não vitimados diretamente
sofrem a interferência. Todos são prejudicados, gerando assim um
clima de revolta, de tensão, pânico e descrédito em relação às
autoridades estabelecidas.
O
Fórum Suape Espaço Socioambiental (www.forumsuape.ning.com),
que congrega entidades da sociedade civil e pessoas físicas, tem
como objetivo fortalecer a posição da sociedade civil na defesa da
justiça e dos direitos das comunidades tradicionais – a partir de
processos consensuados e pacíficos. Sua ação está direcionada à
luta por mais justiça e em defesa do meio ambiente, incitando as
pessoas de boa fé a se mobilizarem, além da denúncia das ações
violentas e das agressões ambientais; como a ocorrida no Engenho
Mercês, que foi, inclusive, objeto de reportagem em Programa
Policial da TV Clube (11/10/2013). Recentemente, o Fórum protocolou
representação contra a empresa Suape junto ao Promotor de Cidadania
e ao de Meio Ambiente, e a denunciou às Comissões de Direitos
Humanos e de Meio Ambiente da Ordem dos Advogados do Brasil –
secção Pernambuco, para que intercedam e a justiça seja cumprida
naquele território fora da lei.
O
que está em jogo em Pernambuco é o Estado de Direito, é o
cumprimento da lei. E isto requer uma ação efetiva desses órgãos
contra as arbitrariedades e injustiças sócio-ambientais que estão
sendo praticadas pela Empresa Suape, o que, sem dúvida, acaba
respingando na imagem de todas as empresas ali instaladas.
Nossa
Lei tem disponibilidade razoável de meios para conter o abuso,
apesar de isso ser ainda insuficiente. Há necessidade de, também,
se recompor os direitos individuais e coletivos atingidos, e assim
dar eficácia às ações em defesa dos direitos, em especial, de
parcelas menos favorecidas da população. É preciso ir às fontes
do mal, que neste caso são o desrespeito à pessoa humana e a seus
direitos básicos, e o caráter predatório da ocupação da terra,
com a destruição de seus ecossistemas.
Exigimos
que o Poder Público não se omita – intervenha e aplique a lei.
Vale mencionar o que foi dito pelo humanista e defensor dos direitos
civis Martin Luther King: “A injustiça em qualquer lugar é uma
ameaça à justiça em todo lugar”.
Heitor
Scalambrini Costa
Coordenação
do Fórum Suape Espaço Sócioambiental
Grande professor Artur,
ResponderExcluirEntendo como engenheiro civil por vocação as suas inteligentes colocações, somente lamento porque figura tão segura e consciente dos seus propósitos não tem conseguido respaldo dos seus artigos. Algo está errado!!!!
QUERO VER O CIRCO PEGAR FOGO........
ResponderExcluirA opinião do professor consolida uma grande importância para a retomada da defesa do meio ambiente.
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