Noite clara e fresca, o doutor Saraiva olha a lua cheia, fecha a cortina e se deita. De repente, se vê em Brasília, no Setor Militar Urbano, há muitos tanques de guerra nas ruas, obuses, cavalos, soldados com seus fuzis; a Infantaria, a Cavalaria e a Artilharia destacavam-se naquele cenário, parecia até uma Divisão de Exército ou, pelo menos, uma Brigada combinada. Aproximou-se de um aglomerado de gente; um repórter perguntava a um general o motivo daquilo tudo. “Apenas exercício de rotina, para adestrar a tropa”, respondia-lhe o general. Jatos da Força Aérea também sobrevoavam a capital da república. “Devem ser da Base de Anápolis”, pensou o professor Saraiva.
Neste momento, como que num toque de mágica, o professor olha para o lado e vê o mar, cheio de navios de guerra, com a esquadra da Marinha do Brasil a postos; sim, o mar. Ele se vê no Rio de Janeiro, na praia de Ipanema, reconheceu logo, entre os navios, o imponente NAe São Paulo. “O que está havendo?”, perguntava-se a si próprio. Da mesma forma que vira em Brasília, um almirante concedia entrevista a uma jornalista, ele dizia-lhe: “É só um exercício de rotina, não há nada demais”.
A jornalista, uma mocinha que não se dobra fácil, não aceitou a resposta pacificamente, replicou, e talvez tenha conseguido irritar o almirante. Este, então, num tom grave, desabafou: “É apenas adestramento! Agora, é bem verdade que não somos cegos, estamos cientes do rumo que o país está tomando; nós, militares, superamos o regime militar, olhamos para o futuro. No entanto, parece-me que há certos políticos que estão no passado, sonham em realizar o projeto que tinham na década de sessenta, e, hoje em dia, ainda querem implantar o regime socialista em nosso país. Isso é um fato, sabemos disso, pois nossos homens da inteligência estavam infiltrados na última reunião do Foro de São Paulo, no final de julho de 2013. Alerto-lhes: não vamos permitir que isso aconteça...”.
O almirante disse mais alguma coisa, porém, foi um brigadeiro quem finalizou a entrevista: “Vocês nos respeitem, não subestimem nossas Forças Armadas! Houve uma reunião do alto comando das três forças, no dia 19 de janeiro de 2014, e ficou decidido que...”. Neste momento, o despertador tocou, o doutor Saraiva se espreguiçou, passou a mão nos olhos, e disse de si para si: “2014? Que noite turbulenta! O que ficou decidido? Não consigo me lembrar! Deixa pra lá...”, levantou-se olhou para o visor do telefone celular, “21 Nov 2013; 7:03h”. Depois de meia hora, saiu do apartamento, trancou a porta e, em seguida, entrou no elevador; um garoto de uns 13 anos de idade levava um sermão de um senhor quadragenário; ele interrompeu o que dizia assim que percebera a entrada do professor Saraiva. Mas o professor ainda pôde ouvir: “Não seja covarde, meu filho! Não confunda disciplina com submissão!”. O menino permaneceu em silêncio, no entanto, o seu semblante exibia astúcia e submissão calculada.
Por: Ednaldo Bezerra -Escritor
A jornalista, uma mocinha que não se dobra fácil, não aceitou a resposta pacificamente, replicou, e talvez tenha conseguido irritar o almirante. Este, então, num tom grave, desabafou: “É apenas adestramento! Agora, é bem verdade que não somos cegos, estamos cientes do rumo que o país está tomando; nós, militares, superamos o regime militar, olhamos para o futuro. No entanto, parece-me que há certos políticos que estão no passado, sonham em realizar o projeto que tinham na década de sessenta, e, hoje em dia, ainda querem implantar o regime socialista em nosso país. Isso é um fato, sabemos disso, pois nossos homens da inteligência estavam infiltrados na última reunião do Foro de São Paulo, no final de julho de 2013. Alerto-lhes: não vamos permitir que isso aconteça...”.
O almirante disse mais alguma coisa, porém, foi um brigadeiro quem finalizou a entrevista: “Vocês nos respeitem, não subestimem nossas Forças Armadas! Houve uma reunião do alto comando das três forças, no dia 19 de janeiro de 2014, e ficou decidido que...”. Neste momento, o despertador tocou, o doutor Saraiva se espreguiçou, passou a mão nos olhos, e disse de si para si: “2014? Que noite turbulenta! O que ficou decidido? Não consigo me lembrar! Deixa pra lá...”, levantou-se olhou para o visor do telefone celular, “21 Nov 2013; 7:03h”. Depois de meia hora, saiu do apartamento, trancou a porta e, em seguida, entrou no elevador; um garoto de uns 13 anos de idade levava um sermão de um senhor quadragenário; ele interrompeu o que dizia assim que percebera a entrada do professor Saraiva. Mas o professor ainda pôde ouvir: “Não seja covarde, meu filho! Não confunda disciplina com submissão!”. O menino permaneceu em silêncio, no entanto, o seu semblante exibia astúcia e submissão calculada.
Por: Ednaldo Bezerra -Escritor
Mais uma vez parabéns á sensibilidade política doesse colaborador de vocês Ednaldo Bezerra.Sempre muito antenado nos assuntos que expõe.
ResponderExcluirSonhar não faz mal a ninguém. Espero que a retomada aconteça em 2014, mas através do voto democrático expulsando essa corja petista que conseguiu enganar todos.Muito oportuno o texto!
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