Trabalho faz
muita coisa: enobrece, edifica, dignifica, cansa, faz crescer, e é o que
paga as contas. Costumo dizer - talvez por absoluta falta de fé nisso -
para quem vive na porta da lotérica: "Não trabalha não para você ver!"
Trabalho é
força da física. O que se faz para passar de ano e obter diploma. E tem o
trabalho que se faz - ou se contrata - para se dar bem, ou para fazer o
mal a alguém, que tem gente que se dá ao trabalho de não conseguindo
subir buscar derrubar o outro.
Muita coisa dá
trabalho. Crianças, casa, bichos. Outras aposentam: doenças, idade,
acidentes. Tanta coisa é trabalho, que se a gente observa fica pasmo em
ver como conseguem. E dali, com dignidade, tiram seu sustento, seja
embaixo de lama catando caranguejos, nas ruas durante horas correndo
atrás do lixo que fazemos, seja pendurado em alguma obra que sempre nos
lembre Chico Buarque. ..." E tropeçou no céu como se ouvisse
música/ E flutuou no ar como se fosse sábado/E se acabou no chão feito
um pacote tímido/ Agonizou no meio do passeio náufrago/ Morreu na
contramão atrapalhando o público...
Todo dia é dia
de trabalho, de criar novos trabalhos, de trocar de trabalho, de tentar
achar um que faça o difícil efeito completo proposto por Buda: "Sua tarefa é descobrir o seu trabalho e, então, com todo o coração, dedicar-se a ele". Lembre disso quando vir o garçom resmungando, o porteiro com cara de poucos amigos, a empregada bufando.
E como sempre
ouvi há uma forma popular, meio caipira, de entender que dele não dá
para escapar. A única coisa que não trabalha é "santo de puteiro", que
ainda ganha vela para fechar os olhos diante do que vê.
O negócio tá
feio, ficando feio, todo mundo miudinho por aí, preocupado com o seu.
Vendo que ele está faltando ou pode faltar e muito, igual em outros
países. Mas vai ser dia dele e tudo vai parar nesse mundo hoje tão
diferente que, para juntar gente não há mais ideal: oferecem-se prêmios -
como carro importado - e shows de música duvidosa
Pelas barbas brancas de Marx! Depressão forte ele teria agora em ver que sua chamada "Proletários de todo o mundo, uni-vos!"
vem sendo comprada com sorteios, acenos mágicos e lideranças
absolutamente discutíveis e desunidas, a ponto de haver demarcação de
espaços - cada qual no seu quadrado, ops! bairro. Cada Central faz a sua
comemoração, ou bebemorações, como já ouvi tanta gente contando o que
rola nessas aglomerações. Tá igual o Dia da Mulher que poucos sabem que é
data para relembrar quantas morreram na luta pela liberdade, não para
instigar homem nenhum.
A História do Dia do Trabalho remonta o ano de 1886 na industrializada cidade de Chicago
(Estados Unidos). No dia 1º de maio deste ano, milhares de
trabalhadores foram às ruas reivindicar melhores condições de trabalho,
entre elas, a redução da jornada de trabalho de treze para oito horas
diárias. Neste mesmo dia ocorreu nos Estados Unidos
O Dia
Internacional do Trabalho, de confraternização das classes
trabalhadoras, 1º de Maio, marca data em que movimentos iniciaram lutas
que já tentavam instituir oito horas diárias, em jornadas mais humanas,
em condições dignas e com direitos e deveres garantidos. Muita gente
morreu nesse caminho.
Agora, não.
Legislações são baixadas como avalanches de neve, pouco importando suas
reais consequências. As Centrais oferecem carros importados - este ano
até 19 Hyundais, pela Força do personalista Paulinho que põe a tal até
em seu próprio nome, sempre candidato, sempre aderindo, sempre jogando.
Que força é essa, digam-me.
Sou do tempo em
que 1º de Maio era o único dia do ano, por exemplo, em que a Kopenhagen
fechava. Nada de comprar chocolates. Que líderes - e foram muitos -
como esses que estão aí eram chamados simplesmente de pelegos. Dia no
qual os trabalhadores festejavam um direito fundamental, ao lazer.
Sou do tempo
que construiu um líder barbudo que ainda anda por aí, que já teve de se
explicar muito quando logo no começo dos anos 80 apareceu tomando uísque
e fumando charuto com milionários na casa mais luxuosa de São Paulo à
época, o Gallery. Hoje ele não aparece nem para explicar suas relações
com gente que nos tira dinheiro na cara dura, em cargos públicos. Ou o
caso de sua amada Rose. Hoje ele festeja que vai escrever em jornal
norte-americano onde exige, acreditem, em contrato, que a tradução seja o
mais literal possível de seu pensamento, como se isso fosse possível.
Menos, do you understand? Menos!
Ainda bem que
gosto muito do que faço, porque também tinha pensado em ser psicóloga,
mas desistiu na primeira aula de laboratório onde matavam um cachorro e
falavam de um tal condicionamento dos ratinhos, fazendo o que mandavam
seguidamente. Igual à antológica cena de Chaplin, em Tempos Modernos,
apertando parafusos até enlouquecer. "Trabalha, trabalha,
afrodescendente"...
Salve o Dia 1º de Maio que homenageia todos os trabalhadores do mundo, Parabéns!
ResponderExcluirDia do/a trabalhador/a 1º de maio. A luta pela valorização dos/as Trabalhadores/as em Educação continua
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